Se você viveu os anos 2000 ou é um entusiasta do mercado automobilístico, com certeza já ouviu falar do Chevrolet Celta, um dos carros populares mais emblemáticos do Brasil. Mas, talvez, você não saiba que o Celta teve um “irmão gêmeo” com outro nome e logotipo. Estamos falando do Suzuki Fun, um carro que simboliza uma curiosa parceria entre a General Motors e a Suzuki e que tem uma história intrigante que conecta Brasil e Argentina.
Neste artigo, você vai descobrir como o Chevrolet Celta se transformou no Suzuki Fun, por que isso aconteceu, e todos os detalhes técnicos e históricos desse modelo que, apesar de ser pouco conhecido no Brasil, deixou sua marca nos países vizinhos.
A Origem do Suzuki Fun: Um Chevrolet com Rebadge
Nos anos 2000, o mercado de carros populares estava em alta. Modelos como o Fiat Uno, Volkswagen Gol, Chevrolet Corsa It is Ford Ka dominavam as ruas brasileiras. A General Motors, percebendo o sucesso desse segmento, lançou em 2000 o Chevrolet Celta, um hatch compacto baseado na plataforma GM4200, uma derivação do Corsa B no Brasil.
A história do Suzuki Fun começa com uma prática chamada rebadge, que consiste em lançar o mesmo carro sob marcas diferentes. Isso geralmente acontece entre empresas que possuem parcerias estratégicas, como era o caso da GM e Suzuki. A parceria começou na década de 1980, quando a GM adquiriu 5,3% das ações da Suzuki. No final dos anos 1990, essa participação havia dobrado, fortalecendo ainda mais a sinergia entre as duas marcas.
O Suzuki Fun era, na prática, um Chevrolet Celta com logotipos da Suzuki. Esse modelo foi produzido no Brasil, mas exclusivamente para exportação para a Argentina, onde foi comercializado de 2003 a 2011. Enquanto isso, o Celta continuou a ser um dos carros mais vendidos no Brasil até 2015.
O Papel da Troca Entre Subsidiárias
Um dos aspectos mais curiosos dessa parceria foi a troca de modelos entre Brasil e Argentina. Enquanto o Suzuki Fun era enviado para os hermanos, o Brasil recebia o Suzuki Vitara rebatizado como Chevrolet Tracker. Essa troca era uma maneira eficiente de otimizar a produção e a logística entre as subsidiárias da GM na América do Sul.
Por isso, muitos brasileiros que não conheciam essa sinergia entre as marcas ficavam confusos ao ver o mesmo carro com diferentes emblemas nos dois países.
Dimensões e Visual: O Que Não Mudou
Tanto o Chevrolet Celta quanto o Suzuki Fun compartilhavam as mesmas dimensões na versão reestilizada pós-2007:
- Length: 3.788 mm (3.748 mm no modelo original).
- Width: 1.626 mm.
- Height: 1.429 mm.
- Entre-eixos: 2.443 mm.
O Suzuki Fun era praticamente idêntico ao Celta no design exterior, com exceção do logotipo “S” da Suzuki na grade dianteira, nas rodas e na tampa do porta-malas. Na traseira, ele ainda exibia o nome Suzuki Fun no lado esquerdo.
Internamente, as diferenças eram mínimas. O volante trazia o logotipo da Suzuki, e os bancos tinham revestimentos ligeiramente diferentes. Essas mudanças sutis ajudavam a diferenciar o modelo no mercado argentino sem gerar grandes custos adicionais para a GM.
Motores e Desempenho: Um Hatch Simples e Econômico
Inicialmente, o Suzuki Fun era equipado com um motor 1.0 MPFI in 62 cv It is 8,3 kgfm de torque, o mesmo usado no Chevrolet Celta. Em 2004, foi introduzida uma versão de quatro portas com o motor 1.4, que entregava 85 cv It is 11,8 kgfm de torque. Ambos os motores estavam associados a um câmbio manual de cinco marchas, conhecido por suas relações curtas que privilegiavam o desempenho em baixas velocidades, ideal para o trânsito urbano.
Embora os motores fossem econômicos e adequados para o propósito do carro, não ofereciam um desempenho impressionante. Mas isso não era problema, já que o Suzuki Fun, assim como o Celta, era voltado para ser um carro acessível e funcional.
Acabamento e Recursos: Simplicidade é a Palavra-Chave
Se você já teve a oportunidade de dirigir um Chevrolet Celta, sabe que ele era um carro descomplicado, pensado para economizar em todos os aspectos. O Suzuki Fun seguia exatamente a mesma filosofia:
- Painel de instrumentos minimalista: Não havia conta-giros nem marcador de temperatura, mas curiosamente o marcador de combustível e o hodômetro eram digitais.
- Buzina acionada pela chave de seta: Um recurso simples e econômico.
- Acabamento básico: Muitos criticavam a qualidade dos materiais, que não eram agradáveis ao toque ou visualmente atraentes.
Esses detalhes reforçavam o caráter de baixo custo do modelo, tornando-o uma opção acessível para quem precisava de um veículo confiável, sem luxos.
O Fim da Linha para o Suzuki Fun
Enquanto o Chevrolet Celta permaneceu em produção no Brasil até 2015, passando por duas atualizações visuais (em 2006 e 2012), o Suzuki Fun teve uma vida mais curta na Argentina. Ele foi descontinuado em 2011, deixando um legado modesto, mas significativo.
A descontinuação do Fun e do Celta reflete as mudanças no mercado de carros populares, que passaram a exigir mais tecnologia, segurança e eficiência energética. Hoje, é difícil imaginar um carro tão simples como o Suzuki Fun ou o Chevrolet Celta sobrevivendo no mercado brasileiro ou argentino.
Por Que o Suzuki Fun é Interessante Até Hoje
Apesar de sua simplicidade, o Suzuki Fun é uma curiosidade histórica que exemplifica as complexidades das parcerias automotivas globais. Ele também é um lembrete de como o mercado de carros populares evoluiu nas últimas décadas.
Se você é um entusiasta de carros antigos ou está pensando em adquirir um modelo usado, o Fun (ou seu “irmão” Celta) ainda pode ser uma opção interessante. Esses carros são conhecidos por sua mechanical robustness It is baixo custo de manutenção, tornando-os ideais para quem busca um veículo acessível para o dia a dia.
No mercado de usados brasileiro, você pode encontrar um Chevrolet Celta por preços a partir de R$ 12 mil a R$ 20 mil, dependendo do ano e estado de conservação. Já o Suzuki Fun é uma raridade por aqui, mas certamente é um item de coleção para fãs de carros curiosos.
Conclusion
O Suzuki Fun é mais do que apenas um Chevrolet Celta com outro logotipo. Ele é um exemplo fascinante de como a indústria automobilística global funciona, com acordos e parcerias que muitas vezes resultam em modelos inusitados. Além disso, ele reflete uma época em que carros populares eram verdadeiramente simples e acessíveis, algo que está se tornando cada vez mais raro no mercado atual.
Seja você um entusiasta da história automotiva ou apenas alguém em busca de curiosidades sobre carros, o Suzuki Fun certamente merece seu lugar na memória. Afinal, não é todo dia que vemos um Chevrolet Celta “disfarçado” de Suzuki circulando por aí – mesmo que isso tenha acontecido, na maior parte do tempo, nas ruas da Argentina.
