Quando você pensa em um sedã clássico e robusto da Volkswagen no Brasil, é difícil não lembrar do Santana. Lançado há exatos 40 anos, o Santana foi o modelo que consolidou a presença da marca alemã no segmento de carros médios no país, sendo um dos sedãs mais queridos e emblemáticos da história automobilística nacional. Mas o que fez o Santana se tornar um ícone? Vamos viajar no tempo para entender como esse carro se tornou uma verdadeira lenda sobre rodas.
O Início: A Chegada do Santana em 1984
Antes de 1984, a Volkswagen enfrentava desafios no mercado brasileiro, principalmente após a descontinuação do Passat, que já mostrava sinais de envelhecimento. A marca precisava de um novo modelo que oferecesse mais luxo e sofisticação aos consumidores, sem perder a tradição e a confiabilidade dos carros Volkswagen.
Com a chegada do Santana em 1984, a marca finalmente atingiu esse objetivo. O Santana surgiu como a segunda geração do Passat, mas com um grande diferencial: sua carroceria sedã, que era muito mais apreciada pelos consumidores brasileiros. A Volkswagen já estava atenta à evolução do mercado e sabia que as preferências estavam mudando. A versão sedã do Passat passou a ser chamada de Santana e rapidamente conquistou seu espaço, principalmente pelas inovações tecnológicas e pelo conforto superior.
A Origem do Nome: Santana e o Vento Santa’Ana
Curiosamente, o nome Santana não foi uma criação exclusiva da filial brasileira. Esse nome já era utilizado na Europa para designar a versão sedã do Passat B2 (segunda geração). E, em termos de origem, o nome faz referência ao vento Santa’Ana, que sopra do deserto de Mojave, nos Estados Unidos, em direção ao Oceano Pacífico. Esse nome evoca uma sensação de potência e força, algo que o próprio Santana personificava nas estradas brasileiras.
As Primeiras Versões e Suas Características
Quando o Santana chegou ao Brasil, ele foi oferecido nas versões CS (Comfort Silver), CG (Comfort Gold), e CD (Comfort Diamond), todas com motorização 1.8 a gasolina e a álcool, oferecendo uma potência que variava de 85 cv a 92 cv. Além disso, a versão Quantum – uma perua derivada do Santana – também foi apresentada, com motores mais potentes e a opção de câmbio automático.
Essas versões iniciais foram um grande sucesso, pois o Santana oferecia algo novo para o mercado: tecnologia, sofisticação e um nível de acabamento que não era comum naqueles tempos. O design robusto, mas elegante, também foi um grande atrativo, além da segurança e conforto que ele proporcionava aos motoristas e passageiros.
Inovações e Mudanças ao Longo dos Anos
Nos anos seguintes, o Santana passou por algumas reestilizações importantes para se manter competitivo no mercado. Em 1986, a linha de 1987 trouxe alterações estéticas e novas versões, como o C (Comfort) e GLS (Grand Luxe Special), e em 1988, o modelo recebeu um motor mais potente, o 2.0. Com esse motor, o Santana passou a oferecer 112 cv com etanol, o que era uma melhoria significativa no desempenho do sedã.
Uma das maiores inovações do Santana aconteceu em 1991, quando ele se tornou pioneiro entre os carros nacionais a oferecer o sistema de freios ABS. Na época, o sistema de frenagem antibloqueio era uma novidade, geralmente encontrado apenas em modelos de luxo importados. Essa característica ajudou a consolidar a imagem do Santana como um modelo sofisticado, com tecnologias que estavam à frente de seus concorrentes.
A Parceria Com a Ford e a Chegada do Modelo Atual
Em 1991, o Brasil presenciou a reabertura do mercado para carros importados, o que trouxe novos concorrentes para o Santana, como o Chevrolet Omega e o Ford Royale. A Volkswagen também formou a polêmica parceria com a Ford, que deu origem ao Ford Versailles e ao Royale, versões do Santana fabricadas pela marca americana. Essa parceria trouxe ao Brasil um Santana com o motor 2.0 AP e com características que uniam o que havia de melhor de ambos os fabricantes.
Em 1996, o Santana passou por mais uma reestilização, com a chegada da versão 1997. Com o fim da Autolatina e a introdução de novos modelos, como o Chevrolet Vectra e o Fiat Tempra, o Santana precisou se reposicionar no mercado. As mudanças estéticas mantiveram sua aparência robusta, mas agora com um estilo mais moderno e integrado à linha Passat B3, seu sucessor na Europa.
A Era dos Frotistas: Santana Se Reinventa
Na década de 1990, o Santana passou a ser conhecido como um modelo destinado a frotistas e taxistas, devido à sua confiabilidade, baixo custo de manutenção e grande espaço interno. Ele se tornou o carro ideal para uso comercial, sendo amplamente utilizado por empresas e profissionais autônomos em todo o Brasil. A versão GLS, com câmbio automático e motor 2.0, era a mais procurada por esses consumidores, que viam no modelo uma verdadeira ferramenta de trabalho.
Essa nova fase do Santana coincidiu com a chegada de novos modelos, como o Ford Mondeo e o Chevrolet Vectra, que estavam cada vez mais fortes no mercado. No entanto, o Santana manteve sua popularidade, principalmente pela sua robustez e conforto, mesmo após o fim da parceria Autolatina em 1996.
Fim de Uma Era: O Santana Sai de Cena
O fim da produção do Santana no Brasil aconteceu em 2006, após mais de duas décadas de presença no mercado. Durante esses anos, o Santana se consolidou como um dos carros mais vendidos e queridos do país, com mais de 538 mil unidades produzidas. Seu fim representou a descontinuação de um ícone que já havia conquistado o coração de muitos brasileiros, mas também a entrada de novos modelos da Volkswagen, como o Polo Sedã e o Bora, que não conseguiram repetir o sucesso do Santana.
Mesmo após o fim de sua produção, o Santana ainda é lembrado como um símbolo de qualidade e conforto. Para muitos, ele continua sendo o sedã médio que definiu a categoria no Brasil durante os anos 80, 90 e início dos anos 2000.
Santana: Um Legado que Continua Vivo
Apesar de sua produção ter sido encerrada, o Santana ainda é um carro muito apreciado no mercado de carros usados. Seu legado como um modelo resistente e confiável, ideal para famílias e frotistas, continua a ser um atrativo para aqueles que buscam um carro com história. Alguns modelos ainda circulam pelas ruas, principalmente em grandes cidades, como São Paulo, onde é comum encontrar Santanas em bom estado de conservação.
No mercado de colecionadores, o Santana também ocupa um lugar de destaque. Alguns modelos da primeira geração, especialmente os de versões mais altas e com baixo quilometragem, são procurados por entusiastas da marca Volkswagen. É interessante notar como um modelo tão associado ao uso prático e frotista também encontrou seu espaço no mercado de colecionadores.
Conclusão: Símbolo de Confiabilidade
O Santana foi muito mais do que um simples carro. Ele foi, durante mais de duas décadas, o representante da Volkswagen no mercado de sedãs médios no Brasil, oferecendo aos consumidores não apenas luxo, mas também tecnologia, conforto e confiabilidade. Seu legado está vivo até hoje, seja nas ruas ou no coração dos colecionadores, que continuam a admirar as qualidades desse modelo icônico.
Nos 40 anos de história, o Santana não apenas cumpriu seu papel como um dos modelos mais importantes da história da Volkswagen, mas também marcou uma época. A sua história é um reflexo de como o mercado automotivo brasileiro evoluiu e como a Volkswagen soube entender as necessidades de seus consumidores, oferecendo sempre o melhor em termos de qualidade e conforto. Hoje, o Santana permanece um símbolo de uma era de ouro para os sedãs no Brasil, onde ele foi o protagonista por muitos anos.
E, quem sabe, no futuro, um novo modelo da Volkswagen poderá honrar a memória do Santana, trazendo um novo capítulo para essa história que, sem dúvida, permanecerá na memória de muitos brasileiros.