Santa Matilde SM: O Esportivo Nacional que Encantou o Brasil

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Nos anos 70 e 80, o Brasil vivia uma época de transição no mercado automobilístico. Após o fechamento das portas para os carros importados em 1975, várias montadoras nacionais começaram a ganhar destaque, e algumas delas trouxeram para o país modelos exclusivos que chamaram a atenção pela sua beleza e originalidade. Entre esses veículos, um nome ficou marcado na memória dos amantes de carros clássicos brasileiros: o Santa Matilde SM.

O Nascimento de uma Lenda Nacional

Imagem: Divulgação

Lançado em 1978, o Santa Matilde SM surgiu como mais um fora-de-série nacional que conquistou rapidamente a simpatia do público brasileiro. Com um visual arrojado e inovador, o modelo se destacou no cenário automobilístico do país por sua beleza e exclusividade. A marca Santa Matilde era dirigida por Humberto Pimental, que, com a ajuda de sua filha Ana Lídia, projetou um carro com curvas encantadoras e um estilo marcante, que o tornou um dos modelos mais desejados da época.

O design do SM era inconfundível: capô longo e traseira curta, com uma linha fluida e elegante. As duas grandes portas e os quatro faróis frontais eram características que chamavam a atenção, criando uma personalidade única para o modelo. Outro detalhe notável era o uso de carroceria de fibra de vidro, um material que também foi adotado por outros esportivos nacionais da época, como a Puma e a Miura. As luzes de direção triangulares eram outro detalhe marcante do coupé, que se tornaram uma assinatura do design do Santa Matilde SM.

Com 4,25 metros de comprimento e um entre-eixos de 2,42 metros, o SM era compacto e bem proporcionado. Sua altura de 1,28 metro conferia ao carro uma aparência elegante e esportiva. Embora o modelo inicial tivesse um estilo mais básico, esse visual acabou se mantendo durante toda a produção do SM, com algumas evoluções ao longo dos anos.

O Desempenho e as Características Técnicas

Imagem: Divulgação

O Santa Matilde SM era movido por um motor 4.1 de seis cilindros em linha, proveniente do Chevrolet Opala, um dos carros mais icônicos do Brasil na época. Esse motor, com tração traseira e suspensão dianteira independente, era um dos principais atrativos do modelo. A performance do SM era impressionante para a época, oferecendo uma aceleração de 0 a 100 km/h em 12 segundos, enquanto a versão com câmbio automático fazia o mesmo percurso em 14 segundos. A velocidade máxima alcançada era de 180 km/h, um número impressionante para um esportivo nacional.

Além da potência do motor, o SM contava com um interior luxuoso, com bancos e revestimentos em couro, direção assistida, ar-condicionado e controle elétrico dos vidros, além de um painel completo, com conta-giros e manômetro de óleo. O pára-brisa laminado e degradê e a abertura interna da tampa do porta-malas eram outros detalhes que demonstravam o nível de sofisticação do carro.

A suspensão traseira do SM era equipada com um eixo rígido, uma característica comum nos carros da época, e o modelo mantinha as rodas de 14 polegadas até o início dos anos 80, quando passou a adotar rodas de 15 polegadas. As rodas maiores ajudaram a melhorar a estabilidade e o desempenho do modelo. Além disso, o SM foi um dos primeiros carros brasileiros a contar com freios a disco nas quatro rodas, um avanço significativo em termos de segurança.

O Crescimento e a Evolução do Modelo

Imagem: Divulgação

A partir de 1980, o Santa Matilde SM passou a ganhar novas versões e melhorias, mantendo-se relevante no mercado. O motor 4.1 de seis cilindros continuou disponível, mas o modelo também passou a oferecer versões mais básicas, com motores 2.5 a gasolina e 2.5 a álcool, ambos com turbocompressor. Essas versões mais acessíveis ajudaram a ampliar o público do SM, mantendo o modelo como uma opção de luxo e desempenho para diferentes tipos de consumidores.

O modelo de 1980 também passou a contar com a opção de câmbio automático no motor 4.1, uma adição que agradou os motoristas que buscavam mais conforto e praticidade. Além disso, o SM manteve seu desempenho esportivo, com 129 cv de potência e torque de 29 kgfm, o que garantiu uma boa aceleração e uma direção prazerosa. A versão automática, por sua vez, mantinha as mesmas características de desempenho, embora com uma leve redução na aceleração.

Já em 1981, o SM passou a contar com rodas maiores e com um novo sistema de freios a disco nas quatro rodas, o que melhorou ainda mais a sua dirigibilidade e segurança. A partir de 1984, o modelo ganhou um novo visual, com para-choques dianteiro e traseiro mais largos, além de laterais mais envolventes e uma traseira reestilizada. Essas mudanças tornaram o SM ainda mais atraente e moderno, reforçando sua imagem de esportivo de luxo.

O Álcool e o SM: Uma Combinção Imbatível

Imagem: Divulgação

Com o auge do uso de álcool como combustível no Brasil, o Santa Matilde SM também se adaptou às mudanças do mercado, oferecendo versões com motor 4.1 a álcool, similar ao que já era utilizado na picape A10. Essas versões se tornaram especialmente populares em um período de escassez de gasolina e aumento do uso de etanol no Brasil.

Outra inovação importante foi a introdução da direção assistida progressiva, fornecida pela ZF, uma fornecedora alemã de sistemas de direção. Esse sistema tornava a direção mais firme com o aumento da velocidade, proporcionando mais estabilidade e conforto para o motorista. Essa característica foi um grande diferencial para o SM, que se tornou o carro mais caro à venda no Brasil na época, superando até modelos de luxo importados, como o Alfa Romeo 2300.

Em 1984, o SM também ganhou a versão conversível, que oferecia a opção de teto rígido ou de lona, uma característica que tornava o modelo ainda mais exclusivo e desejado pelos brasileiros. Essa versão conversível tinha um preço elevado, custando o dobro de um Opala Diplomata de 6 cilindros, o que consolidou ainda mais o Santa Matilde SM como um carro de alto luxo e prestígio.

O Fim da Produção e o Legado

A produção do Santa Matilde SM foi encerrada em 1988, mas até hoje o modelo é lembrado como um dos maiores exemplos de carros esportivos nacionais, que faziam sucesso tanto no Brasil quanto no exterior. No entanto, o número de unidades produzidas nunca foi oficialmente divulgado, o que gera uma certa aura de mistério em torno do modelo.

Embora o Santa Matilde SM não tenha alcançado a mesma popularidade de outros esportivos nacionais, como o Puma ou o Miura, ele deixou uma marca indelével na história do automobilismo brasileiro. A combinação de design inovador, desempenho impressionante e luxo fez com que o SM fosse um dos carros mais admirados da sua época, atraindo olhares por onde passava.

O modelo foi mais do que apenas um carro: foi um símbolo de uma era em que os automóveis brasileiros ganhavam força, com projetos inovadores e feitos com muito carinho e dedicação. O Santa Matilde SM se tornou uma peça de coleção para muitos, com um legado que até hoje é reverenciado pelos entusiastas do automobilismo nacional.

Conclusão: O Carro que Marcou Época

Imagem: Divulgação

O Santa Matilde SM foi um marco na história automobilística brasileira, um exemplo de como a criatividade e o talento nacional podiam criar carros de luxo, desempenho e estilo. Embora sua produção tenha sido curta, o SM permanece vivo na memória de quem teve a oportunidade de vê-lo nas ruas ou de dirigir um dos exemplares raros que sobreviveram ao tempo. Se você tiver a chance de ver um Santa Matilde SM hoje, não perca a oportunidade de admirar de perto essa obra-prima do design e da engenharia brasileira, que marcou uma geração e permanece como um ícone da nossa indústria automotiva.

Com certeza, o Santa Matilde SM continuará sendo lembrado como um dos maiores exemplos de carros fora-de-série do Brasil, um verdadeiro tesouro que representa a originalidade, o luxo e o desempenho dos esportivos nacionais.

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