Você, que é apaixonado por carros clássicos, provavelmente já se encantou com uma Ford Pampa ao cruzar com uma delas pelas ruas, em encontros de antigos ou até em anúncios de vendas. O que talvez você ainda não tenha visto é um exemplar praticamente intocado, com pouco mais de 5.000 km rodados e em estado de zero quilômetro, mesmo depois de quase três décadas de existência.
Essa é a história da Ford Pampa L 1.8 1996 azul metálica, vendida pela GG World Premium Classic Cars, uma picape que mais parece ter saído ontem da concessionária. E o melhor: tudo é original, dos pneus Goodyear Grand Prix S70 às ranhuras no volante de dois raios. Prepare-se para mergulhar em 3.000 palavras de nostalgia, detalhes técnicos e muita paixão pelo automóvel nacional.
Você sabia que a Ford Pampa foi uma das picapes compactas mais vendidas do país?
Lançada oficialmente em 1982, a Ford Pampa surgiu como uma resposta à crescente demanda por veículos de carga mais compactos, práticos e acessíveis. Derivada do consagrado Corcel II, ela compartilhava a mesma base da família Corcel/Belina/Del Rey, mas com importantes alterações, especialmente no conjunto traseiro e na suspensão.
Desde o início, a proposta da Ford era clara: oferecer uma picape leve, resistente, com boa capacidade de carga, mas que também oferecesse conforto para o dia a dia. Na época, o mercado nacional começava a se abrir para os utilitários leves, com a Fiat 147 Pick-up, a Chevrolet Chevy 500 e a recém-chegada Volkswagen Saveiro.
A Pampa, no entanto, se destacou pela robustez, confiabilidade mecânica e capacidade de levar até 600 kg de carga, graças à sua exclusiva suspensão traseira com feixes de molas semielípticas e amortecedores telescópicos. Era uma solução simples, mas extremamente eficaz para quem precisava trabalhar.
Mudanças no design marcaram uma nova fase em 1985
A partir de 1985, a Ford promoveu um facelift importante na Pampa, que passou a contar com novos faróis, grade redesenhada e para-choques atualizados, acompanhando as mudanças do Corcel II e do Del Rey. Essa “cara nova” permaneceu praticamente inalterada até 1996, último ano de produção do modelo.
Durante esses anos, a Pampa foi sendo modernizada por dentro e por fora, com melhorias mecânicas, novos motores e versões mais equipadas. Em 1991, chegou a ser oferecida com tração 4×4, voltada especialmente ao uso rural, mas essa versão foi descontinuada em 1995 devido aos altos custos de produção e baixa demanda.
Um exemplar que parou no tempo: Ford Pampa L 1996 com apenas 5.100 km

Agora, imagine encontrar uma Pampa do último ano de fabricação, com motor AP 1.8, pintura original brilhando como se estivesse numa vitrine dos anos 90 e nenhum vestígio de uso na caçamba. Pois é exatamente esse o exemplar anunciado pela loja GG World Premium Classic Cars.
Com apenas 5.100 km rodados, essa Pampa azul metálica é uma verdadeira cápsula do tempo. Os pneus são os originais de fábrica, e até o estepe nunca foi usado. O carro ainda acompanha manual do proprietário, livreto de garantia, chave reserva e todo o histórico de revisões, tornando-se uma peça de extremo valor para colecionadores exigentes.
O mais impressionante é que a pintura nunca foi polida, mantendo o brilho original de fábrica. As rodas de aço estão impecáveis, sem pontos de ferrugem, e os para-choques pretos contrastam lindamente com a carroceria azul. A caçamba não apresenta marcas de uso e possui um tapete de borracha personalizado, com o nome “Pampa” em alto-relevo.
Interior simples, mas impecável

Por dentro, você encontra um habitáculo simples, fiel à proposta da época, mas surpreendentemente bem preservado. Os bancos em tecido estão intactos, com costuras originais firmes e sem desgaste. O courvin das portas, o volante de dois raios e a manopla do câmbio de cinco marchas ainda exibem as texturas originais, algo raríssimo até mesmo em carros mais novos.
Não há nenhum rasgo, furo ou mancha visível. O painel apresenta todos os instrumentos funcionando, e a sensação é de estar sentado num carro novo dos anos 90. É o tipo de detalhe que só quem ama carros antigos consegue valorizar plenamente.
Motor AP-1800: confiável, potente e querido até hoje

Essa versão 1996 traz o motor AP 1.8 a gasolina, um dos propulsores mais amados do Brasil. Originalmente desenvolvido pela Volkswagen, o motor equipou modelos como Santana, Gol, Parati, Saveiro e Passat, sendo famoso por sua robustez, manutenção simples e boa resposta ao acelerador.
Na Pampa, esse motor entrega 86 cv de potência e 14 kgfm de torque, a partir de 3.400 rpm, em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas. A performance é mais do que suficiente para o uso urbano e rodoviário, mesmo carregada.
Mesmo sem injeção multiponto — ele conta com injeção monoponto —, o desempenho agrada, e o consumo fica dentro da média da época. Em estrada, com uma condução suave, a Pampa AP-1800 podia fazer até 12 km/l com gasolina, o que era ótimo para um utilitário.
R$ 160 mil: preço de colecionador ou exagero?

Ao ser questionado sobre o preço, Alex Fabiano “GG”, proprietário da loja que disponibilizou a Pampa à venda, foi direto: R$ 160 mil. O valor é praticamente o mesmo de uma Fiat Toro Endurance 0 km, com motor 1.3 turbo e central multimídia.
Mas será que vale?
Se você for um colecionador exigente, que busca exclusividade, originalidade e história, o preço faz sentido. Essa é uma Pampa com quilometragem baixíssima, nunca restaurada, com tudo funcionando e absolutamente impecável, de um modelo e ano final de produção — uma combinação rara.
Por outro lado, se o seu objetivo for comprar uma picape para o uso diário ou como investimento comum, talvez esse valor soe exagerado. Afinal, com R$ 160 mil, há muitas opções de carros novos com mais tecnologia, segurança e desempenho.
Mas esse tipo de carro não é medido apenas por ficha técnica ou comparativos de mercado. É uma peça histórica. Uma lembrança viva de uma era em que o Brasil criava carros simples, resistentes e inesquecíveis.
Breve história da Ford Pampa: da estreia à despedida

A Ford Pampa surgiu no Salão do Automóvel de 1982, como uma das grandes apostas da montadora norte-americana para o mercado brasileiro. Na época, o segmento de picapes pequenas estava em crescimento, e a marca, que já dominava os utilitários grandes com a F-100 e F-1000, precisava de algo menor.
Baseada no Corcel II, a Pampa manteve o mesmo visual da frente, inclusive faróis, capô e grade. A partir da coluna B, tudo mudava: caçamba alongada, reforços estruturais e, o mais importante, suspensão traseira desenvolvida exclusivamente para o modelo.
Outra curiosidade era o assoalho da caçamba revestido com ripas de madeira, inspirado na F-100, para evitar amassados e desgaste com cargas pesadas.
Com o tempo, o modelo ganhou diferentes motorizações: começou com o motor 1.6 CHT, depois recebeu o 1.8 AP da Autolatina, e versões 4×4 entre 1991 e 1995. Essa última se destacou no campo, mas era cara e pouco procurada nas cidades.
Em 1996, após mais de 380 mil unidades vendidas, a Pampa deu lugar à Ford Courier, derivada do Fiesta, encerrando um ciclo de quase 15 anos como referência em robustez no segmento.
Por que você deve considerar ter uma Pampa na garagem?

Se você é um verdadeiro entusiasta, sabe que há veículos que vão além da ficha técnica. Eles carregam memórias, identidade cultural e um sentimento de pertencimento. A Ford Pampa é um desses casos.
Ela foi utilitária, carro de trabalho, companheira de estrada e símbolo da engenhosidade brasileira nos anos 80 e 90. Ter um exemplar como esse em casa é preservar uma parte da história automotiva nacional.
Além disso, veículos como a Pampa valorizam com o tempo, especialmente quando estão em estado impecável, como esse modelo azul metálico. Com a crescente popularidade dos carros antigos, o mercado de clássicos só tende a crescer.
Conclusão: um clássico nacional que merece respeito

Você acabou de conhecer uma das picapes mais marcantes da história brasileira: a Ford Pampa L 1996 com motor AP-1800, pintura original azul metálica, 5.100 km rodados e um estado de conservação impecável. Vendida por R$ 160 mil, essa joia é mais do que uma picape: é um símbolo de uma era, um investimento em paixão e uma raridade que poucos terão a chance de ver ao vivo.
Se você é daqueles que admira a engenharia simples e eficiente, que valoriza a história do automóvel nacional e que busca algo verdadeiramente especial para a sua garagem, talvez seja hora de considerar a Pampa como a próxima estrela da sua coleção.
Afinal, alguns carros não são feitos apenas para rodar… são feitos para emocionar.