Chevrolet Marajó e seu câmbio automático raro: um clássico à frente de seu tempo

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Você já parou para pensar como alguns carros estavam anos à frente de seu tempo? É exatamente isso que a Chevrolet Marajo representa. Em uma época em que o transmisión automática ainda era visto com desconfiança no Brasil, essa simpática perua derivada do Chevette ousou oferecer essa comodidade, antecipando uma tendência que só viria a se popularizar décadas depois.

Se hoje é quase impensável comprar um carro novo sem opção de transmissão automática, em meados da década de 1980 isso era coisa de filme futurista ou de importados inacessíveis. E aí entra a Marajó, mostrando que a innovación nem sempre precisa vir de fora. Mas antes de chegar a esse ponto, vamos entender como surgiu essa perua tão querida (e subestimada) da Chevrolet.


Desenho reto, linhas limpas: uma perua clássica

Créditos: Reproducción

Sete anos depois do lançamento do chevrolet no Brasil, em 1980, a Chevrolet decidiu que era hora de expandir a família. Assim nasceu a Marajó, uma perua compacta que nada mais era do que a adaptação da carroceria do Opel Kadett C Caravan, na época vendido na Europa, para o gosto e as necessidades do público brasileiro.

Era um período sem a concorrência de importados, e o mercado nacional estava praticamente dividido entre quatro grandes fabricantes: chevrolet, volkswagen, Vado e a emergente Fíat. Nesse contexto, a Marajó tinha tudo para conquistar um espaço especial no coração dos brasileiros, principalmente daqueles que precisavam de mais espaço sem abrir mão da simplicidade.

Con lineas rectas e um design funcional, a Marajó chegou como uma alternativa moderna às tradicionais peruas da época. O segmento já havia sido inaugurado lá atrás, em 1956, com a DKW Universal, mas estava polarizado entre a robusta Ford Belina e a espaçosa Variante VW. A recém-chegada Fiat Panorama, mais compacta, também começava a ganhar a atenção do público. A Marajó, com dimensões equilibradas, se posicionava bem no meio dessas concorrentes.


Um motor simples, mas competente

Créditos: Reproducción

Logo de cara, a Chevrolet Marajo utilizava o conhecido motor 1.4 litro do Chevette, com 68 CV Es 9,8 mkgf de torque, números modestos para os padrões atuais, mas perfeitamente adequados para o Brasil daquela época. Em 1981, esse motor recebeu melhorias no sistema de refrigeração e a opção de um carburador de doble barril, aumentando el poder de 69,4 cv e o torque para 10,4 mkgf.

A autonomia era outro destaque: com um tanque de 62 litros, a Marajó podia rodar até 700 kilometros sem precisar abastecer. Um feito respeitável, considerando que o consumo urbano já era uma preocupação para muitos motoristas.

A suspensão traseira foi reforçada para suportar a maior capacidade de carga da perua, e o eixo ganhou uma válvula equalizadora de freios para manter a eficiência da frenagem mesmo carregada. Era uma solução prática que mostrava como a GM levava a sério o desenvolvimento do modelo.


Mais espaço para a família e as bagagens

Créditos: Reproducción

Falando em carga, a Marajó oferecia 469 litros de espaço no porta-malas com os bancos traseiros na posição normal. Se fosse preciso rebater o banco, a capacidade saltava para incríveis 1.282 litros. A porta do compartimento de bagagem tinha uma abertura ampla e era sustentada por um amortecedor no lado esquerdo, algo simples, mas eficiente.

Essa versatilidade era uma das grandes armas da Marajó para conquistar famílias e pequenos empresários, que encontravam nela uma solução prática para o dia a dia.


Evoluções constantes

Créditos: Reproducción

A Chevrolet não deixou a Marajó estagnar. Em 1983, por exemplo, o modelo ganhou frente e retrovisores mais retos, além de quebra-ventos. Também surgiram novas opções mecânicas, como o motor 1,6 litros, que entregó 73 cv Es 12,2 mkgf de torque. Essa mudança trouxe mais agilidade ao modelo, permitindo até alcançar 146,9 km/h de velocidade máxima com consumo menor, principalmente na versão a álcool.

A opção de quinta marcha no câmbio manual era outra novidade bem-vinda, principalmente para quem viajava bastante. Ao mesmo tempo, o acabamento interno foi sendo aprimorado, embora o volante inclinado para a esquerda e o nível de ruído continuassem sendo pontos criticados por revistas especializadas da época.


A ousadia do câmbio automático

Créditos: Reproducción

É aqui que a Chevrolet Marajo realmente surpreende. Em uma época em que o transmisión automática era uma raridade no Brasil — limitado quase sempre a modelos de luxo importados —, a perua da GM oferecia uma versão equipada com transmissão automática de três marchas.

Vale lembrar que estamos falando de meados da década de 1980. Nessa época, o brasileiro ainda desconfiava de carros automáticos, associando-os a consumo elevado e desempenho fraco. Mesmo assim, a Chevrolet ousou e, com isso, antecipou uma tendência que se tornaria mainstream apenas décadas depois.

Um dos exemplos mais curiosos vem de 1986, quando um exemplar foi adaptado na concessionária para parecer um modelo 1987. Ele trazia detalhes como grade, para-choques e painel redesenhados, além de um acabamento mais refinado na versão topo-de-linha SE. Porém, ainda mantinha bancos de 1986 e diferenças sutis no painel.

O câmbio automático era uma exclusividade cara, mas para quem podia pagar, significava um conforto inigualável, principalmente no trânsito urbano.


O fim da linha e o legado

En 1989, después 78.067 unidades produzidas, a Marajó saiu de cena para dar lugar à Chevrolet Ipanema, perua derivada do Cadete. Essa troca representava uma evolução natural, acompanhando as mudanças de gosto do consumidor brasileiro e o avanço tecnológico.

Mesmo assim, a Marajó deixou um legado marcante. Foi uma das primeiras peruas compactas a popularizar o conceito de carro familiar acessível, com espaço de sobra e dirigibilidade amigável. E, claro, entrou para a história como uma das raras peruas nacionais com transmisión automática, um detalhe que hoje a torna ainda mais desejada por colecionadores.


Ficha técnica – Chevrolet Marajó 1986

  • Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 1.599 cm³, a gasolina

  • Diâmetro x curso: 82 x 75,7 mm

  • Taxa de compressão: 8,5:1

  • Potencia: 73 cv a 5.200 rpm

  • Esfuerzo de torsión: 12,2 mkgf a 3.000 rpm

  • Intercambio: automático de três marchas, tração traseira

  • Dimensiones: comprimento 421 cm; largura 157 cm; altura 138 cm; entre-eixos 239 cm; peso 986 kg

  • Suspensión: dianteira com triângulos superior e inferior, barra estabilizadora; traseira com eixo rígido, braços longitudinais e barra transversal

  • Frenos: discos na dianteira, tambores na traseira

  • Ruedas y gomas: liga leve, 13 x 5,5, pneus 175/70 SR 13 radiais


Por que a Marajó merece ser lembrada?

Créditos: Reproducción

Se você é um apaixonado por carros ou simplesmente gosta de histórias curiosas da indústria automotiva, a Chevrolet Marajó é um prato cheio. Ela mostra como um projeto aparentemente simples pode esconder inovações que só seriam valorizadas muitos anos depois.

Hoje, encontrar uma Marajó em bom estado, principalmente com o raríssimo transmisión automática, é uma tarefa difícil. Mas quem tem a sorte de dirigir uma dessas pode experimentar um pouco do que era ser visionário nos anos 80.

A Marajó não foi apenas uma perua compacta. Ela foi um símbolo de inovação discreta, de uma época em que ousar podia ser arriscado, mas também recompensador.

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