Corcel II Van: o modelo raro que nem a Ford divulgou

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Have you heard of the Ford Corcel II Van? Pois é, quase ninguém conhece esse capítulo escondido da história automotiva brasileira. E não é exagero dizer que esse modelo merece o título de mosca branca das ruas e dos encontros de carros antigos. Um carro tão raro e tão misterioso que, mesmo se você for um entusiasta da Ford ou da linha Corcel, pode nunca ter sequer visto um ao vivo.

Neste artigo, você vai mergulhar em um universo quase secreto, onde a Ford decidiu transformar a Belina em um veículo utilitário. Um furgão nacional, feito para tarefas leves, com alma de carro de passeio e espírito de trabalhador urbano. Vamos juntos descobrir os detalhes desse projeto obscuro, sua proposta, fracasso comercial e por que ele praticamente desapareceu da memória dos brasileiros.


Um lançamento discreto demais

Credits: Reproduction

Tudo começou no finalzinho de 1979, when the Ford lançou a Corcel II Van, já como modelo 1980. A marca estava em um momento de transição e de expansão de sua linha nacional. A segunda geração do Corcel havia sido bem recebida pelo mercado desde seu lançamento em 1977, e a Belina seguia como um dos station wagons preferidos das famílias brasileiras. Foi justamente a partir dela que nasceu o projeto da Van.

Mas diferente de outros lançamentos, a Corcel II Van foi colocada no mercado praticamente em silêncio. Nada de comerciais de TV chamativos, folders explicando as vantagens do modelo ou campanhas mostrando o utilitário em ação. Para o público geral, a existência desse furgão passou despercebida, e isso certamente foi um dos motivos de seu fracasso comercial.


Derivada da Belina, mas com alma de utilitário

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Ao olhar com atenção, fica claro que a Ford Corcel II Van era, essencialmente, uma Belina adaptada para o trabalho. O projeto era simples, mas funcional. As grandes diferenças visuais estavam na traseira e nas laterais: os vidros foram substituídos por chapas metálicas, criando uma aparência mais robusta e voltada ao transporte de carga.

Internamente, a história muda. Atrás dos dois bancos dianteiros, one divisória de metal com acabamento plástico separava a cabine da área de carga. O chão do compartimento era ripado em madeira, and the paredes internas também recebiam proteção plástica, oferecendo alguma resistência no uso comercial.


Capacidade e estrutura pensadas para o trabalho leve

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O objetivo da Corcel II Van não era carregar toneladas. Sua capacidade de carga era de 440 kg, ideal para serviços urbanos, pequenas entregas, ou para ser adaptada como ambulância leve ou veículo de suporte técnico. Mas, mesmo nessa proposta mais modesta, o modelo enfrentava dificuldades.

Apesar da intenção, suas dimensões internas limitavam bastante o uso como ambulância, e mesmo para cargas, a concorrência era mais robusta. O modelo tentou suprir essa limitação com reforço na suspensão traseira, já que a linha Corcel era conhecida por sua suspensão traseira macia demais, que fazia o carro “sentar” com facilidade quando carregado.


Motorização padrão da linha Corcel

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Mecanicamente, nenhuma surpresa. A Corcel II Van utilizava o mesmo motor da linha, o confiável 1.6 liters, disponível tanto na versão a gasolina quanto a álcool — o que era bastante avançado para a época, dado que o álcool como combustível ainda era uma novidade nos anos 1980.

Você podia escolher entre câmbio de 4 ou 5 marchas, o que, para um furgão, era até surpreendente, considerando que muitos concorrentes ainda usavam apenas quatro marchas. Apesar disso, o desempenho não era o foco do modelo. A ideia era ser funcional, econômico e confiável.


Um carro invisível no marketing da Ford

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Se você abrir uma revista antiga de carros de 1980, vai encontrar propagandas do Steed II, from the Belina II, talvez até do Del Rey começando a despontar… mas dificilmente verá qualquer menção à Corcel II Van. É como se ela não existisse no material publicitário da época.

Isso levanta uma pergunta: por que a Ford lançou um veículo e não o divulgou? A resposta talvez esteja no fato de que o modelo era um produto de nicho ou mesmo um projeto experimental. Algo pensado para suprir uma demanda pontual, mas que não recebeu investimento suficiente para crescer.

Essa falta de comunicação contribuiu para que a Corcel II Van passasse batida até pelos próprios consumidores da Ford. E assim, sem marketing, com pouca praticidade para carga e sem identidade própria, ela foi engolida pela concorrência.


O fim precoce e a chegada da Pampa

O destino da Corcel II Van foi selado com a chegada de um verdadeiro sucesso de vendas: a Ford Pampa, released in 1982. Também derivada da linha Corcel/Belina, a Pampa era uma picape com capacidade de carga semelhante, mas com visual mais moderno, maior apelo no campo e mais opções de uso.

A Pampa dominou o mercado de utilitários leves, tirando completamente o espaço que a Van nunca chegou a conquistar. A produção da Corcel II Van foi encerrada discretamente, e ninguém deu falta.

Com o tempo, o modelo sumiu das ruas, da memória e da própria história oficial da Ford no Brasil. Restaram apenas poucas unidades em coleções obscuras e algumas fotos raras nem sempre bem identificadas.


Mistério nos encontros de carros antigos

Hoje, se você topar com uma Corcel II Van original em um encontro de antigos, prepare-se para ver gente se perguntando se aquilo é uma adaptação caseira. Muita gente simplesmente não sabe que esse carro foi vendido pela Ford.

Aliás, é comum ver adaptações em Belinas, com os vidros traseiros tapados e a ideia de que alguém “transformou” em van para uso particular. Mas em raríssimos casos, você pode estar diante de um exemplar legítimo de fábrica. Esses são os verdadeiros unicórnios da Ford brasileira.

E a raridade é tamanha que quase nenhum colecionador tem documentação, fotos ou manuais específicos da Van. Até mesmo nos acervos digitais de catálogos antigos, o modelo muitas vezes não aparece listado.


Um clássico esquecido que merece ser lembrado

Se você é fã de carros antigos brasileiros, a Ford Corcel II Van é aquele tipo de achado que acende a paixão pela raridade e pela história oculta do nosso mercado automotivo. Um modelo que não teve brilho, mas que hoje tem valor justamente por ter sido tão ignorado.

É um lembrete de que nem todo carro de sucesso vira lenda — e que, às vezes, o fracasso comercial pode ser o ingrediente que transforma um veículo comum em algo especial. Afinal, o que é raro, sempre chama atenção.


O que aprender com a Corcel II Van?

Você pode olhar para a história da Corcel II Van e tirar várias lições. A primeira delas é que nenhum produto, por melhor que seja, sobrevive sem divulgação. A Ford apostou baixo e colheu um resultado tímido.

Outra lição está no entendimento de mercado. A proposta de um furgão compacto e leve fazia sentido, mas ele chegou em um momento em que as necessidades do público estavam mudando. O Brasil vivia uma transição econômica e social, e o setor automotivo respondia a isso com modelos mais versáteis — como a futura Pampa, que acabou sendo o acerto certo.

E por fim, a história da Van nos lembra da importância da documentação e preservação de modelos pouco conhecidos. Sem registros, sem fotos e com poucas unidades sobreviventes, a memória automotiva corre o risco de ser apagada.


Um futuro de resgate e valorização?

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Será que algum dia a Steed II Van ganhará o status de cult entre colecionadores? É difícil prever. Mas uma coisa é certa: se você encontrar uma dessas, não pense duas vezes. Você está diante de um pedaço raro e valioso da indústria automotiva nacional.

Ela não teve fama, não ganhou prêmios e mal foi notada em sua época. Mas hoje, a Ford Corcel II Van representa o tipo de relíquia que transforma qualquer garagem em museu.

E agora que você conhece sua história, talvez passe a olhar com mais atenção cada Belina sem vidro que cruzar por aí. Pode ser que, por trás daquela adaptação esquisita, exista um dos modelos mais raros já produzidos pela Ford no Brasil.


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