A história do VW Voyage Sport, o Gol GTS de quatro portas

Você já deve ter ouvido falar do Gol GTS, um dos esportivos nacionais mais icônicos dos anos 80 e 90. Mas talvez não saiba que, por um breve período, a Volkswagen apostou em um sedã que carregava parte desse DNA: o VW Voyage Sport. Produzido entre 1993 e 1995, ele foi um modelo que conseguiu unir praticidade, esportividade e elegância, criando um carro que hoje tem um status quase mítico entre colecionadores e apaixonados por clássicos nacionais.

Neste artigo, você vai mergulhar na história desse carro, entender por que ele foi criado, conhecer seus detalhes técnicos e estéticos, além de descobrir por que o Voyage Sport pode ser considerado um dos modelos mais injustiçados — e ao mesmo tempo mais queridos da Volkswagen no Brasil.

O contexto histórico: importações e improvisos da indústria brasileira

Para entender o Voyage Sport, você precisa voltar ao início da década de 1990. O Brasil vivia uma grande transformação no setor automotivo com a opening of imports promovida pelo governo Collor. De repente, carros de marcas como Toyota, Honda, Mitsubishi, Peugeot e Renault chegaram ao mercado brasileiro.

Esse choque mostrou ao consumidor nacional uma realidade difícil de engolir: os carros fabricados aqui eram, em sua maioria, defasados, caros e pouco equipados. A comparação com os importados era inevitável, e as montadoras instaladas no Brasil tiveram que correr atrás do prejuízo.

Só que desenvolver um carro totalmente novo levava anos. A solução imediata encontrada foi reaproveitar modelos já existentes, fazer facelifts, incluir equipamentos de conforto e criar versões diferenciadas que pudessem competir com os importados. É nesse cenário que surge o VW Voyage Sport.

O nascimento do Voyage Sport

Released on 1993, o Voyage Sport foi uma espécie de ressurreição do Voyage GLS, que havia saído de linha em 1991. O motivo do fim do GLS foi a tentativa da Volkswagen de proteger o VW Apollo, fruto da parceria com a Ford na época da Autolatina.

Com o encerramento do Apollo em 1992, a Volkswagen ficou sem um sedã compacto de apelo esportivo. Foi aí que a marca decidiu resgatar a tradição de esportividade na linha Voyage, iniciada ainda em 1985 com o Voyage Super, e apresentar ao mercado o Voyage Sport.

O carro tinha como missão ser uma versão mais refinada e sóbria do Gol GTS, oferecendo desempenho semelhante, mas com a praticidade de um sedã de duas portas.

Estilo sóbrio, mas com pegada esportiva

Ao olhar para o Voyage Sport, você percebe de imediato que ele não era apenas um Voyage comum. O carro trazia um conjunto visual discreto, porém marcante.

• Exclusive painting: disponível nas cores Universal Black It is Lunar Silver, o acabamento da pintura ia até a parte inferior dos para-choques e também cobria os retrovisores.

• Electric rearview mirrors, assim como electric windows and locks, que eram itens de requinte na época.

• Lanternas traseiras fumês, no mesmo estilo do Gol GTi.

• Alloy wheels com design raiado, inspiradas nas clássicas BBS alemãs, que reforçavam o visual esportivo.

• Fog lights integrados ao para-choque dianteiro.

Diferente do Gol GTS, o Voyage Sport não trazia airfoil nor luzes de longo alcance. Era um esportivo para quem queria algo mais sério e discreto, sem perder a identidade jovem.

Interior: requinte e esportividade

Ao entrar no Voyage Sport, você se sentia em um carro que realmente tinha algo especial. A Volkswagen não economizou nos detalhes:

• You bancos Recaro, famosos pelo excelente apoio lateral, eram revestidos em tecido navalhado.

• You door panels também recebiam o mesmo acabamento sofisticado.

• O volante esportivo clássico VW, com buzina de quatro botões, vinha revestido em couro.

• A gear lever também recebia acabamento em couro, reforçando o caráter esportivo.

A lista de equipamentos de conforto não era extensa, mas trazia o essencial:

• De série: retrovisores, vidros e travas elétricas.

• Opcionais: toca-fitas, porta-fitas no console, air conditioning e, a partir de 1994, a hydraulic steering.

O coração do Voyage Sport: motor AP-1800S

Debaixo do capô estava o lendário motor AP-1800S, um verdadeiro clássico da Volkswagen nos anos 90. Esse motor era compartilhado com o Gol GTS and the Parati GLS, mas tinha alguns diferenciais:

• Comando de válvulas 049G.

• Recalibração do carburador para entregar mais elasticidade.

O resultado era uma potência de 105 hp, against the 96 hp do motor AP-1800 a álcool convencional. Pode parecer pouco hoje, mas na época colocava o Voyage Sport entre os sedãs compactos mais potentes do Brasil.

With only 945 kg, o carro entregava desempenho respeitável:

• 0 a 100 km/h em 11,75 segundos.

• Retomada de 40 a 100 km/h em 20,59 segundos.

• Velocidade máxima de 171,2 km/h.

Esses números o colocavam entre os 10 melhores carros do ranking da revista Quatro Rodas, na versão a álcool.

Dirigibilidade: neutro, ágil e equilibrado

Ao volante, o Voyage Sport mostrava que era mais do que apenas aparência. A dirigibilidade era comparável à do Gol GTS, oferecendo um comportamento neutro na maior parte do tempo e com leve tendência ao subesterço no limite.

A suspensão bem acertada proporcionava estabilidade sem comprometer o conforto. Isso tornava o carro ideal tanto para o uso urbano quanto para viagens mais longas.

A crítica da época ficava para o sistema de freios. Apesar da boa modulação, o carro sofria com o fading em uso intenso, já que utilizava discos sólidos na dianteira.

Um sedã com vantagens sobre o Gol GTS.

Uma das grandes vantagens do Voyage Sport em relação ao Gol GTS era a practicality. Você tinha o mesmo espírito esportivo, mas com:

• Mais espaço interno, especialmente para os passageiros do banco traseiro, graças à linha de teto mais alta.

• Porta-malas maior, ideal para quem queria um carro esportivo sem abrir mão de viajar com bagagem.

• Rigidez estrutural superior, já que o monobloco do Voyage não tinha a terceira porta presente no Gol.

Essas características faziam do Voyage Sport um carro perfeito para quem queria algo esportivo, mas também racional.

Vida curta: 1993 a 1995

Infelizmente, o Voyage Sport teve uma trajetória curta. Produzido apenas entre 1993 e 1995, ele não resistiu às mudanças do mercado e à própria estratégia da Volkswagen.

Em 1996, o Voyage saiu de linha, e sua memória só seria resgatada em 2008, quando o modelo voltou ao mercado em nova geração. Mas, dessa vez, sem uma versão esportiva digna desse nome.

Legado e raridade

Today, the Voyage Sport é um carro extremamente raro. Os poucos exemplares que restaram estão nas mãos de colecionadores cuidadosos. Um exemplo é o de Ayrton de Negreiros Jr., de Piracicaba (SP), que comprou o carro em 2007 e passou por uma restauração completa. Só a parte de funilaria levou dois anos para ser concluída.

Esse tipo de dedicação mostra como o Voyage Sport é valorizado por quem entende sua importância histórica.

Por que o Voyage Sport é especial para você?

Quando você olha para o Voyage Sport, percebe que ele não era apenas um carro. Ele representava um momento único da indústria brasileira, um período em que as montadoras precisavam improvisar, mas ainda conseguiam entregar modelos com personalidade.

Ele era um Gol GTS de terno, um esportivo que não precisava gritar sua identidade com aerofólios e adesivos chamativos. Ele conquistava pelo equilíbrio: potência suficiente, conforto adequado, design sóbrio e elegância atemporal.

Se você gosta de carros clássicos, o Voyage Sport merece seu respeito. Ele é uma prova de que o automobilismo nacional tem histórias incríveis para contar — e que muitas vezes os carros mais esquecidos são justamente os mais interessantes.

Conclusion

O VW Voyage Sport pode ter tido uma produção curta, mas deixou uma marca forte na memória de quem viveu os anos 90 e acompanhou a luta da indústria nacional para se adaptar à concorrência dos importados.

Ele foi quase um Gol GTS sedã, mas acabou se tornando algo ainda mais interessante: um carro que unia esportividade, discrição e praticidade, com um design que continua atemporal até hoje.

Se você encontrar um Voyage Sport bem conservado, saiba que está diante de uma verdadeira relíquia nacional. E se tiver a chance de dirigi-lo, prepare-se para sentir um pouco da emoção que marcou uma geração inteira de apaixonados por carros.