O Corcel II que o tempo esqueceu: 171 km e estado de novo

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Você já sonhou em encontrar um carro 0 km da década de 80, parado em algum showroom, intocado, esperando o tempo passar? Parece cena de filme ou de uma boa história de colecionador, mas é exatamente isso que aconteceu com um Ford Corcel II L 1986 que, surpreendentemente, estava com apenas 171 km rodados no hodômetro, mesmo após 38 anos desde sua fabricação.

Sim, você leu certo: 171 quilômetros. Um carro que praticamente não rodou e que, de tão bem conservado, parece ter saído ontem da concessionária. Um verdadeiro treasure on wheels, que agora encontra novo lar nas mãos de um colecionador, após ser vendido por Reginaldo Ricardo — ou, como é mais conhecido no meio do antigomobilismo, o Reginaldo de Campinas, famoso por garimpar relíquias com baixíssima quilometragem.

Neste artigo, você vai mergulhar nessa história surreal e fascinante, entender o que torna esse Corcel tão especial, e descobrir quanto um carro desses pode valer nos dias de hoje.


Um verdadeiro sobrevivente dos anos 80

Imagem: Reprodução / Reginaldo de Campinas

A década de 1980 foi um período emblemático para o mercado automobilístico brasileiro. Diversos modelos icônicos surgiram e marcaram gerações, como o Chevrolet Chevette, O Volkswagen Passat e, claro, o Ford Corcel II. Este último, lançado oficialmente no final de 1977, surgiu como uma evolução marcante do Corcel original, com um design mais moderno, linhas angulosas e um novo posicionamento no mercado.

Você provavelmente se lembra (ou já ouviu falar) de como os carros de duas portas eram febre naquela época. E foi justamente nessa configuração que nasceu o Corcel II, inicialmente nas versões L (básica), LDO (luxo) It is GT (esportiva). O modelo permaneceu em produção até 1986, quando a Ford decidiu encerrar a linha e apostar no Del Rey and in Pampa, que derivavam da mesma plataforma.

Mas este Corcel II L 1986 é diferente. Ele é da última safra, já com o facelift final que eliminou o “II” do nome e adotou o motor 1.6 CHT de 72 cv e 12 kgfm, coupled to a five-speed manual transmission. Um conjunto mecânico simples, mas confiável — e ideal para o Brasil da época.


Como esse carro ficou intocado por quase quatro décadas?

A explicação é tão inusitada quanto o próprio carro: esse Corcel II nunca foi emplacado porque ficou parado por décadas dentro da extinta concessionária Buchalla, in Presidente Prudente (SP). Esquecido no showroom, foi tratado mais como uma peça de exposição do que como um automóvel para ser vendido. E isso fez toda a diferença para a sua preservação impecável.

Você pode imaginar o que significa isso? Nada de exposição ao sol, chuva, sujeira ou maus-tratos. Apenas o tempo passando… sem que o carro tivesse que enfrentá-lo.


Detalhes que impressionam

Imagem: Reprodução / Reginaldo de Campinas

É difícil acreditar que um carro de quase 40 anos esteja em condições de new car, mas é exatamente o caso aqui. Segundo quem viu o veículo de perto, a pintura original está perfeita, you frisos, emblems, vidros, partes plásticas e até mesmo os pneus diagonais são os mesmos de fábrica. Tudo intocado.

Ao abrir a porta, o interior é um mergulho direto nos anos 80. Você encontra o forro de vinil impecável, estofamento de veludo sem desgaste, tapetes originais limpos e até as aletas da ventilação, que costumam ser peças frágeis e quebradiças, em perfeito estado.

E não para por aí: mesmo a parte inferior do assoalho, que normalmente seria o primeiro ponto a sofrer com ferrugem ou sujeira acumulada, está limpa e sem danos. Como se o tempo, de fato, tivesse se esquecido desse carro.


Qual o valor de uma raridade como essa?

Imagem: Reprodução / Reginaldo de Campinas

Now comes the big question: quanto vale um Corcel II praticamente 0 km em pleno 2024?

Se você pesquisar o mercado de carros antigos, vai perceber que o Corcel II não é, exatamente, um carro valioso entre os clássicos nacionais. Isso porque ele foi um modelo bastante vendido, e ainda é possível encontrar exemplares em bom estado por valores entre R$ 20 thousand and R$ 40 thousand, dependendo da versão e da conservação.

Mas… este não é um Corcel comum.

De acordo com o especialista Joel Picelli, from the Picelli Leilões, o que define o preço aqui não é o modelo em si, but the estado de conservação absolutamente inédito. Como se trata de um carro zero quilômetro com quase 40 anos, o valor muda completamente de patamar.

Segundo Picelli, R$ 150 mil não seria um exagero — pelo contrário, pode até ser considerado um preço justo, se levado em conta o público específico que busca esse tipo de raridade.


Um mercado à parte: o colecionismo de “carros nunca usados”

Existe um segmento muito específico dentro do universo de colecionadores que é obcecado por veículos jamais rodados. Para essas pessoas, não importa tanto o modelo, nem se ele já é um clássico consolidado, mas sim o fato de o carro nunca ter sido usado, nunca ter saído da concessionária, e ainda preservar absolutamente todos os seus componentes originais de fábrica.

Você pode até achar estranho, mas a lógica é clara: enquanto alguns colecionadores querem reviver a juventude com carros que marcaram época, outros estão mais interessados em preservar testemunhos intactos da história automotiva. E quanto mais raro for encontrar um carro com essas características, mais alto será o valor pago.


O perfil de quem compra um carro assim

Different from colecionador médio, que prefere dividir seu orçamento entre dois ou três modelos de época, quem compra um carro como esse Corcel II já está em outro nível. Geralmente, são investidores do tempo. Pessoas com acervos bem estabelecidos, conexões diretas com outros colecionadores, e que sabem o valor histórico e simbólico de uma raridade como essa.

Joel Picelli explica que, muitas vezes, o que define se um carro desses será comprado ou não é o fato de o comprador já ter um modelo igual em sua coleção. Para alguns, ter dois exemplares idênticos — sendo um rodado e outro absolutamente virgem — é o auge do colecionismo. Um serve para apreciar com os olhos, o outro para matar a saudade ao volante.


E o futuro desse Corcel II?

Agora que o Ford Corcel II L 1986 com 171 km encontrou um novo dono, sua trajetória muda mais uma vez. Ele provavelmente não será usado, nem mesmo para um simples passeio. Sua função agora é ser preservado como patrimônio histórico, mantido em exposição e usado, quem sabe, como moeda de valorização a longo prazo.

Não é exagero imaginar que, daqui a mais 10 ou 20 anos, esse carro possa valer ainda mais — especialmente se continuar em estado de museu, sem um único risco ou desgaste.


Por que esse tipo de carro fascina tanto?

Imagem: Reprodução / Reginaldo de Campinas

Se você é apaixonado por carros antigos, sabe que há algo emocional e nostálgico em ver um veículo desses em perfeitas condições. Ele te leva de volta no tempo, te faz lembrar da infância, do carro do seu pai, das ruas sem trânsito, do cheiro de gasolina com chumbo. E quando essa experiência vem em um pacote totalmente original, é como se você tivesse, de fato, voltado a 1986.

Mais do que uma máquina, esse Corcel II é um símbolo de uma época — uma era sem airbags, sem sensores de estacionamento, sem central multimídia… mas com charme, simplicidade e personalidade de sobra.


E você, compraria?

Se tivesse R$ 150 mil sobrando, você compraria esse Corcel? Ou preferiria gastar esse valor em três ou quatro carros clássicos mais “usáveis”? Essa é uma escolha pessoal — e também filosófica.

Alguns preferem o prazer de acelerar, de sair por aí curtindo o ronco do motor. Outros, no entanto, preferem conservar, admirar, colecionar. O importante é que o universo do antigomobilismo é grande o suficiente para abraçar todos os perfis.

E no fim das contas, carros como esse Corcel II L 1986 com 171 km rodados nos lembram de uma coisa essencial: a história está viva. E, com sorte, preservada em quatro rodas.


Final considerations

Você acabou de conhecer a história de um Ford Corcel II que desafiou o tempo. Uma máquina que, ao contrário da maioria dos seus irmãos de linha, não teve o destino de ser usado, modificado, rodado ou, pior, sucateado. Em vez disso, ficou quieto, parado, esperando, como uma relíquia adormecida em um showroom do interior paulista.

Agora, ele pertence a alguém que entende seu valor. E você? Ficou inspirado? Vai olhar com outros olhos aquele velho Corcel da esquina? Ou, quem sabe, se animar a procurar a sua própria cápsula do tempo automotiva?

Seja como for, uma coisa é certa: o tempo passa, mas os clássicos verdadeiros jamais envelhecem.

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