Fusca amarelo da Telesp roda até hoje com escada no teto e tudo

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Você já imaginou encontrar um Fusca original de frota, ainda com a escada no teto, exatamente como circulava nas ruas há quase drei Jahrzehnte, em plena era pré-smartphone? Pois é isso que aconteceu com o Volkswagen Fusca 1984 da Telesp, um verdadeiro sobrevivente do tempo que continua encantando entusiastas, colecionadores e saudosistas por onde passa. Neste artigo de 3.000 palavras, você vai mergulhar na história fascinante desse carro utilitário icônico, que resistiu à passagem dos anos, superou a privatização da telefonia no Brasil e hoje é uma peça viva do nosso passado recente.


O Brasil das linhas caras e dos orelhões nas esquinas

Para entender a importância histórica do Fusca da Telesp, você precisa voltar no tempo, até 1998, quando o sistema de telefonia brasileiro ainda dava seus últimos suspiros sob o controle da Telebras. Naquela época, uma linha telefônica podia custar até R$ 5.000, Du orelhões eram onipresentes, e o celular era um item raro, quase de luxo.

A Telesp, companhia responsável pela telefonia em São Paulo, mantinha uma grande frota de veículos, entre eles Fuscas simples, pintados de amarelo manga com detalhes em azul, usados por técnicos para instalar e reparar linhas telefônicas. O Fusca era o carro ideal para essa função: barato, resistente e fácil de manter.


Um sobrevivente da frota

Bild: Persönliches Archiv

Hoje, passados 27 anos da privatização da Telesp, um desses veículos sobrevive — e não apenas existe, mas continua em funcionamento. Trata-se de um Fusca 1984 movido a álcool, que pertenceu à antiga estatal e mantém até hoje a escada no teto, a pintura original amarela e azul, e até mesmo o número de matrícula de serviço.

Você deve estar se perguntando: como um carro utilitário, que rodava o dia inteiro nas ruas, foi preservado por tanto tempo? A resposta está no trabalho dedicado de duas gerações: Antônio Henrique Estefani, que trabalhou na Telesp, e seu sobrinho Guilherme Rocha.


A caça ao Fusca perdido

Estefani entrou na Telesp em 1984, o mesmo ano de fabricação do Fusca, e trabalhou como instalador e reparador de linhas e aparelhos telefônicos até 2008. Embora o carro restaurado não fosse exatamente o mesmo que ele dirigia, havia fortes indícios de que o veículo pertencia à frota original.

A busca começou quando tio e sobrinho encontraram o Fusca à venda em Sorocaba (SP). Ele estava pintado de branco e sem qualquer identificação da empresa. No entanto, ao rasparem uma parte da pintura, descobriram, logo abaixo, o amarelo manga original que caracterizava os carros da Telesp.

Foi o bastante para acender a faísca da nostalgia — e da restauração.


Restauração caseira com sabor de história

Bild: Persönliches Archiv

Com o carro em mãos, a missão era clara: devolver ao Fusca toda a sua identidade visual e funcional da década de 1980, como se ele ainda estivesse a serviço da Telesp. A restauração foi feita na garagem de casa, como em projetos anteriores da dupla, com exceção da pintura profissional und von aplicação dos grafismos.

Curiosamente, os logotipos e inscrições não foram pintados diretamente na lataria, como na época original. Em vez disso, foram aplicados adesivos personalizados, pensando que o próximo dono poderia querer remover a caracterização com mais facilidade. O detalhe curioso é que o custo dos adesivos acabou sendo maior do que a pintura direta, mas a praticidade venceu.

E como não foi possível encontrar um suporte original da escada, eles construíram um do zero, usando fotos da época e até uma miniatura como referência. O conjunto visual foi completado com cones de sinalização, eins escada de fibra de vidro original e até dois terminais telefônicos antigos que Estefani usava em serviço.


Um Fusca autêntico: sem luxo, com história

Bild: Persönliches Archiv

O Fusca da Telesp restaurado é aquilo que você pode chamar de “pé de boi” clássico. Ele não possui opcionais, é movido a Alkohol, e mantém a configuração básica dos modelos de trabalho: sem rádio, sem aquecedor, sem luxo. Só o essencial para quem rodava o dia todo entre fios, postes e centrais telefônicas.

Esse aspecto espartano é parte do charme do carro, e foi mantido com o máximo de fidelidade. Além da aparência externa, há vestígios internos da antiga estrutura, como marcas da caixa de ferramentas de fibra de vidro, que ocupava o espaço onde ficava o banco traseiro. Esses detalhes reforçam a Authentizität do veículo, mesmo sem documentos diretos que comprovem sua origem.


De volta às ruas com novo dono

Com o projeto finalizado, tio e sobrinho decidiram que era hora de seguir em frente. O Fusca restaurado foi então vendido a Alexandre Badolato, um dos maiores colecionadores de carros antigos do Brasil — especialmente dos modelos nacionais da Dodge, mas também de raridades como esse Volkswagen.

Badolato, que mantém sua impressionante coleção no interior paulista, ficou encantado com o carro, mesmo não sendo um entusiasta fervoroso do Fusca. O que o atraiu foi a carga histórica e emocional que aquele automóvel carrega.

Esse Fusca é pura nostalgia”, afirmou ele, em entrevista. “Tem alguns pequenos defeitos de acabamento, mas está dentro da proposta e do contexto. Foi muito bem restaurado”.


Nostalgia sobre rodas

Desde que comprou o Fusca da Telesp, Badolato já colecionou diversas histórias engraçadas e emocionantes com o carro. Como ele mesmo conta, o veículo chama a atenção por onde passa — e não faltam brincadeiras e perguntas curiosas.

Já teve gente que achou que eu estava ali para consertar telefone fixo”, brinca o colecionador. “Outro dia, fui visitar uns amigos e, pouco depois de estacionar, a segurança do condomínio ligou dizendo que serviço de manutenção não podia ser feito naquele horário. Eu só ri”.

O que poderia ser apenas mais um carro antigo na coleção acabou se transformando em uma peça interativa de museu sobre rodas, que desperta memórias afetivas em quem vê.


Muito mais que um carro antigo

Bild: Persönliches Archiv

Você pode olhar para esse Fusca e enxergar apenas um carro velho. Mas, ao conhecê-lo de verdade, entende que ele é um testemunho rodante da história das comunicações no Brasil. Um tempo em que telefone era artigo de luxo, técnicos como Estefani resolviam tudo com ferramentas manuaisund die carros da frota eram parte fundamental da infraestrutura pública.

Esse projeto de restauração vai muito além da estética. Ele resgata um modo de vida e uma época em que a conexão com o mundo dependia de fios, cabos, chaves de fenda — e de profissionais que, como o próprio carro, faziam tudo na raça.


O legado do Fusca da Telesp

O Fusca da Telesp é um exemplo raro de como a história pode ser preservada através dos veículos utilitários. Normalmente, carros de frota têm uma vida útil curta, são depenados, vendidos, esquecidos. Mas esse não. Esse Fusca sobreviveu ao tempo, às trocas de governo, à privatização, ao desinteresse — e hoje se tornou um ícone da memória coletiva brasileira.

Ao manter a escada no teto, o visual característico, e até mesmo os instrumentos de trabalho da época, o carro emociona, diverte e conecta o presente ao passado.


E você? Também tem um carro com história?

Bild: Persönliches Archiv

Se você chegou até aqui, certamente também se emocionou com a trajetória desse Fusquinha alaranjado da Telesp. Talvez tenha em sua família ou conheça alguém que preserva um carro antigo que serviu ao país, à cidade ou até mesmo à própria vida cotidiana. Histórias assim merecem ser contadas, vividas e celebradas.

Porque, no fim das contas, mais do que apenas um meio de transporte, esses veículos são máquinas do tempo — e cabem perfeitamente no coração de quem reconhece o valor das coisas simples, autênticas e cheias de memória.


Compartilhe este artigo com quem viveu a época dos orelhões e dos Fuscas de frota. Aposto que alguém vai soltar um “eu lembro desse carro!” com um sorriso no rosto.

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