Ö Ford Versailles foi um marco na história da Ford no Brasil. Lançado em 1991, ele veio para substituir o icônico, mas envelhecido, Ford Del Rey. O Versailles foi a aposta da Ford dentro da joint venture Autolatina, que uniu esforços com a Volkswagen para dividir plataformas e motorização, resultando em uma das parcerias mais comentadas da indústria automobilística brasileira. Com base na plataforma do Volkswagen Santana, o Versailles trouxe uma identidade própria, mais voltada ao público que buscava modernidade, conforto e desempenho.
A troca de gerações: do Del Rey ao Versailles
Ö Ford Del Rey, baseado na plataforma do Corcel de 1968, foi por muitos anos sinônimo de conforto e confiabilidade. No entanto, a mecânica simples e o design conservador já não acompanhavam as demandas de um público mais moderno. Ainda que o Del Rey tenha ganhado uma atualização com o motor AP 1.8 da Volkswagen In 1989, ele já demonstrava sinais de cansaço.
Ao contrário do perfil mais tradicional do Del Rey, o Versailles mirava um público mais jovem e dinâmico. O foco era o homem de negócios bem-sucedido, um executivo ou empresário na faixa dos 40 anos, que valorizava estilo, desempenho e exclusividade.
O design e as versões do Versailles
Ö Versailles utilizava a plataforma B1 do Santana, mas se destacava por seu visual. A Ford trabalhou para diferenciar seu modelo do primo da Volkswagen. Na versão Ghia, o sedã exibia colunas traseiras em preto fosco, faróis com lentes brancas e uma grade frontal em lâminas pintadas na cor do carro. Esses elementos conferiam um visual mais sofisticado, algo que era muito bem visto no segmento de sedãs médios.
Além do sedã, havia também a configuração station wagon Royale, lançada em 1992, que era uma evolução moderna da antiga Ford Belina. Seu design diferenciado a tornava mais atrativa que a Volkswagen Quantum, ganhando o carinhoso apelido de “Belinona”.
Motorização e versões: da GL à Ghia
Ö Ford Versailles foi oferecido em duas versões principais: GL Es ist Ghia. A versão GL era mais acessível, equipada com motor 1.8 carburado de 92 cv e opcionalmente o motor 2.0 carburado de 108 cv, ambos compartilhados com o Volkswagen Santana. Já a Ghia, topo de linha, tinha foco no conforto e requinte, com itens como:
- Rodas de liga leve
- Ar-condicionado
- Direção hidráulica
- Elektrische Fensterheber
- Faróis de neblina
- Rádio toca-fitas
A partir de 1993, a injeção eletrônica multiponto foi adicionada como opcional, melhorando o desempenho e a eficiência do motor 2.0.
Evoluções ao longo dos anos
De 1991 até sua descontinuação em 1996, o Versailles passou por diversas atualizações. Em 1994, o modelo ganhou mais requinte com opcionais como teto solar elétrico e novas rodas. Em 1995, a Ford reformulou os bancos, adotando um design exclusivo. Além disso, a versão GL passou a oferecer direção hidráulica de série, tornando o modelo ainda mais competitivo.
Entretanto, nem todas as mudanças foram bem recebidas. A station wagon Royale, por exemplo, foi criticada por seu design, considerado sem personalidade, o que impactou negativamente suas vendas.
O fim da Autolatina e o encerramento do Versailles
A história do Versailles está diretamente ligada à Autolatina, que uniu as operações da Ford e Volkswagen no Brasil durante os anos 1980 e 1990. Em 1996, a parceria foi encerrada, e a Ford enfrentou dificuldades para continuar produzindo o modelo. A Volkswagen, que detinha os direitos da plataforma e motorização, exigiu em troca o acesso à plataforma do Ford Escort para seus modelos Logus e Pointer, algo que a Ford não aceitou.
Sem acordo, a produção do Versailles foi encerrada no início de 1997. Ele foi substituído pelo Ford Mondeo, um modelo de padrão europeu que trouxe uma nova era para a marca no Brasil.
Por que o Ford Versailles ainda é lembrado?
Embora sua produção tenha durado apenas seis anos, o Versailles marcou uma fase importante para a Ford no Brasil. Ele representou uma transição, trazendo modernidade e sofisticação para a linha de sedãs da marca. Para os colecionadores, o modelo ainda é um ícone, especialmente as versões Ghia bem conservadas, que reúnem um conjunto equilibrado de estilo e tecnologia.
Nos dias de hoje, você pode encontrar exemplares bem cuidados do Versailles no mercado de colecionáveis, com preços variando entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, dependendo do estado de conservação e da versão. Ainda que sua história tenha sido curta, o Versailles deixou um legado que mistura nostalgia, inovação e a transição de uma era na Ford brasileira.
Se você é apaixonado por carros clássicos e deseja conhecer mais sobre modelos que marcaram época, o Ford Versailles é, sem dúvida, um exemplo de como a indústria automotiva brasileira evoluiu nos anos 90.