Cony Guppy: O Veículo Japonês que Nunca Chegou ao Brasil

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Provavelmente você nunca ouviu falar do Cony Guppy, e tudo bem. Afinal, foram produzidos apenas cerca de 5.000 exemplares pela Aichi Machine Industry Co. Ltd. entre os anos de 1961 e 1962, o que torna essa pickup extremamente rara. Infelizmente, o Guppy nunca chegou ao Brasil.

Mas o que é exatamente o Cony Guppy? Em primeiro lugar, ele é pequeno, realmente minúsculo. Com apenas 2565 mm de comprimento, 1265 mm de largura e uma altura de meros 1290 mm, o Guppy era um verdadeiro microcarro. Para contextualizar, o Mini original, outro ícone compacto, era consideravelmente maior que o Guppy, com 3054 mm de comprimento, 1422 mm de largura e 1397 mm de altura. O Mini também pesava mais que o dobro: 590 kg contra os 290 kg do Guppy.

O que torna o Cony Guppy realmente especial é o fato de ele ser um veículo utilitário, uma pickup de carga no formato mais tradicional. E ele é possivelmente a menor pickup do mundo, uma solução engenhosa e prática para lidar com as crescentes demandas por veículos compactos em ruas estreitas e vagas de estacionamento apertadas.

O motor modesto e suas capacidades

Apesar de parecer rudimentar, o Cony Guppy era uma máquina engenhosa para a época. Equipado com um pequeno motor de 199 cc, um cilindro e dois tempos, ele produzia uma potência modesta de 8,2 kW. Esse motor leve permitia ao veículo atingir uma velocidade máxima de aproximadamente 80 km/h (em teoria). Estudos também indicam que o Guppy levava cerca de 22 segundos para percorrer 200 metros, e a aceleração de 0 a 100 km/h era tão difícil de precisar quanto improvável de se experimentar.

Seus fabricantes direcionaram o minúsculo ute (abreviação de utilitário) para pequenos empresários, especialmente aqueles que precisavam transportar pequenas cargas. Com uma carga útil máxima de 150 kg, ele se tornou uma alternativa acessível e econômica para pequenos comércios e serviços locais.

Tecnologia inovadora para a época

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O Guppy apresentava soluções avancadas para os anos 1960. Ele vinha equipado com suspensão independente nas quatro rodas, uma característica rara na época, que proporcionava uma condução mais suave e estável. Além disso, o veículo usava uma transmissão continuamente variável (CVT), semelhante às encontradas em scooters, o que tornava sua dirigibilidade simples e acessível, mesmo para motoristas menos experientes.

O motor do Guppy era posicionado estrategicamente sob a área de carga, com acesso por uma pequena tampa na carroceria. Para garantir a refrigeração adequada, pequenas aberturas de ar logo à frente das rodas traseiras forneciam ventilação ao motor.

Em termos de design, o carro apresentava peculiaridades que reforçavam sua identidade. As luzes traseiras minúsculas, menores que uma moeda, e os indicadores exageradamente grandes nos pilares B eram algumas das características distintivas. O interior, por sua vez, era tão espartano quanto se poderia imaginar: duas portas traseiras de abertura “suicida” davam acesso a uma cabine equipada com dois assentos, um volante e um velocímetro que lembrava balanças de cozinha da época.

As rodas do Cony Guppy, com apenas 8 polegadas, completavam o conjunto. Essa dimensão contribuía tanto para sua agilidade quanto para as limitações de desempenho.

Os desafios e o declínio

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Embora fosse uma ideia inovadora, o Guppy enfrentou problemas significativos que comprometeram seu sucesso. Seu tamanho reduzido e baixo peso tornavam o carro nervoso e instável em estradas irregulares, algo comum no Japão daquela época. Muitos compradores se afastaram após ouvirem relatos dessas dificuldades.

Esses problemas, aliados à concorrência de veículos mais robustos, levaram ao fim da produção do Cony Guppy em 1963, após a fabricação de apenas 4.645 unidades.

O legado e os sucessores

Logo após o Guppy, a Aichi lançou o Guppy Sports, um microcarro esportivo de duas portas sem teto. No entanto, o verdadeiro sucessor do Guppy foi o Cony 360, um utilitário compacto que manteve a essência da pickup, mas corrigiu muitas de suas limitações. O Cony 360 foi um sucesso considerável, com mais de 100.000 unidades produzidas ao longo de 10 anos.

Hoje, a Aichi Machine Industry Co. Ltd. segue ativa, mas sob o nome de Aichikikai. Agora, como subsidiária integral da Nissan, a empresa está envolvida na produção de trens de força para carros elétricos, como o Nissan Leaf, além de outros componentes industriais.

Por que o Cony Guppy ainda fascina?

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Embora nunca tenha chegado ao Brasil, o Cony Guppy continua a ser um veículo fascinante para os entusiastas de automóveis. Sua combinação de dimensões compactas, soluções tecnológicas inovadoras e design excîntrico faz dele uma verdadeira raridade. Hoje, encontrar um Cony Guppy em boas condições é quase impossível, e os poucos modelos remanescentes são considerados peças de coleção de altíssimo valor.

Se um dia você tiver a sorte de ver um desses minúsculos utilitários em um encontro de carros clássicos, lembre-se de que está diante de um verdadeiro pioneiro em design compacto e engenharia criativa. Embora tenha sido esquecido por muitos, o Cony Guppy ainda carrega um legado único na história automobilística.

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