Chevrolet Bonanza: Um Ícone Esquecido dos Anos 90

0
760

Quando você pensa em veículos clássicos que marcaram a história do mercado automobilístico brasileiro, é provável que nomes como Opala, Fusca e Brasília venham à mente. Mas, se você olhar com mais atenção, encontrará a Chevrolet Bonanza, um verdadeiro símbolo da transição dos anos 80 para os 90. Apresentada em dezembro de 1989, a Bonanza chegou como uma parceria da Chevrolet com a Brasinca, trazendo uma proposta inovadora: um SUV compacto de duas portas, que combinava robustez e estilo.

Vamos embarcar juntos nesta viagem no tempo para descobrir por que a Bonanza, apesar de sua produção limitada e de ser pouco lembrada, merece um lugar de destaque entre os clássicos brasileiros.

O Nascimento da Chevrolet Bonanza

Imagem: Divulgação

Nos anos 80, muitos brasileiros que precisavam de um SUV acabavam adaptando picapes em oficinas especializadas. Foi então que a Chevrolet, em parceria com a Brasinca, decidiu criar uma solução de fábrica. A ideia era simples: transformar a famosa Veraneio em um modelo mais compacto e funcional, mantendo a robustez e o conforto que eram marcas registradas da marca.

Com um entre-eixos reduzido de 2,59 metros (contra os 3,23 metros da Veraneio), a Bonanza surgiu como uma alternativa prática para quem queria a capacidade de carga de um SUV sem precisar lidar com a transformação de uma picape. O modelo chegou ao mercado em duas versões: a Custom S e a Custom DeLuxe, com preços que, na época, podiam superar os de modelos esportivos como o Ford Escort XR3 conversível.

Design Típico dos Anos 80

Imagem: Divulgação

O visual da Bonanza era um reflexo dos anos 80: linhas retas e robustas, um para-brisa mais inclinado e um capô em formato de cunha, que davam ao veículo uma aparência moderna para a época. Seu design, baseado na picape A-10, trazia detalhes exclusivos, como o estepe colocado dentro do porta-malas, eliminando a característica externa vista em outros modelos.

Internamente, a Bonanza impressionava com seu acabamento bem cuidado. Os bancos podiam ser divididos em 60/40, eram reclináveis e ajustáveis em altura. Além disso, o painel era envolvente, voltado para o motorista, e incluía seis módulos de instrumentos, com destaque para o horímetro, que mostrava as horas de funcionamento do motor — um recurso avançado para a época.

Motorização e Desempenho

Sob o capô, a Bonanza compartilhava motores com o famoso Opala. Você podia escolher entre três opções:

  1. Motor 4.1 a gasolina: Desenvolvia 124 cv de potência e 30,1 kgfm de torque, entregando uma velocidade máxima de 140 km/h.
  2. Motor 4.1 a álcool: Mais potente, com 135 cv, mas com autonomia limitada devido ao alto consumo, fazendo 3,7 km/l na cidade e 4,5 km/l na estrada.
  3. Motor Diesel Perkins 4 cilindros: Desenvolvia 86,4 cv e torque de 27 kgfm, com foco em robustez e eficiência, apesar do desempenho modesto.

A grande revolução aconteceu em 1991, quando o motor Perkins foi substituído pelo Iochpe-Maxion S4 Turbo Diesel, que entregava 125 cv e impressionantes 38,2 kgfm de torque. Com ele, a Bonanza passou a acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 20 segundos e atingia uma velocidade máxima de 145 km/h.

Facelift de 1991: Modernização e Conforto

Em 1991, a Chevrolet deu à Bonanza um facelift significativo. A dianteira ganhou faróis trapezoidais inspirados no Opala, além de uma nova grade. No interior, o painel foi redesenhado, com velocímetro e conta-giros em um módulo único e instrumentos menores nas laterais.

Outras melhorias incluíram:

  • Direção hidráulica Servotronic, que ajustava a rigidez de acordo com a velocidade.
  • Embreagem hidráulica, que reduzia vibrações e aumentava o conforto.
  • Opcionais como alarme, controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores.

A versão DeLuxe ainda podia ser equipada com rodas de liga leve, volante ajustável e rádio/toca-fitas digital, tornando-a um modelo extremamente completo para a época.

O Declínio e o Fim da Produção

Imagem: Divulgação

Apesar de suas qualidades, a Chevrolet Bonanza enfrentava um mercado limitado. Sua produção entre 1989 e 1994 foi de apenas 3.885 unidades, o que a tornou um modelo raro. Além disso, a chegada de novos concorrentes e a evolução dos SUVs nos anos 90 acabaram ofuscando sua presença.

Em 1994, o fim da linha chegou tanto para a Bonanza quanto para a Veraneio, encerrando uma era na Chevrolet. Hoje, encontrar uma Bonanza em bom estado é um desafio, mas, para os entusiastas, ela continua sendo uma joia rara.

O Legado da Chevrolet Bonanza

Imagem: Divulgação

Você pode se perguntar: “Por que a Bonanza é tão especial?” A resposta está na sua proposta pioneira. Ela representou uma tentativa ousada de oferecer um SUV compacto e funcional em uma época em que o mercado brasileiro era dominado por modelos maiores e menos versáteis.

Hoje, a Bonanza é valorizada por colecionadores e apaixonados por carros clássicos, com preços que podem ultrapassar os R$ 100 mil, dependendo do estado de conservação. Além disso, sua raridade a torna um item de desejo para quem busca um pedaço da história automotiva brasileira.

Conclusão

Imagem: Divulgação

Se você é um entusiasta de carros clássicos ou simplesmente aprecia a história da indústria automotiva brasileira, a  merece sua atenção. Ela é um testemunho de uma época em que a criatividade e a inovação estavam no centro do desenvolvimento automotivo. Com sua produção limitada, design icônico e desempenho robusto, a Bonanza é mais do que um veículo; é um legado.

Portanto, da próxima vez que você vir uma Bonanza rodando ou à venda, lembre-se de que está diante de um símbolo de uma era, um veículo que, mesmo esquecido por muitos, deixou sua marca na história. Quem sabe, talvez ela possa encontrar um lugar na sua garagem ou, pelo menos, no seu coração.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui