Chevette Automático: O pioneiro sem embreagem

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O Chevette foi um dos maiores sucessos da Chevrolet no Brasil durante as décadas de 70, 80 e 90, conquistando uma base de fãs leais pela sua robustez, conforto e desempenho. Contudo, seu grande marco de inovação ocorreu em 1985, quando a Chevrolet decidiu lançar a versão automática do modelo, oferecendo pela primeira vez no Brasil um compacto nacional sem pedal de embreagem. O Chevette Automático não só foi um marco na história da Chevrolet, mas também mudou a forma como os brasileiros viam a mobilidade urbana. Neste artigo, vamos analisar em detalhes a trajetória do Chevette Automático, desde sua criação até o legado que ele deixou para a indústria automotiva brasileira.

O Lançamento do Chevette

Em 1973, a Chevrolet lançou no Brasil a quarta geração do Opel Kadett, que foi rebatizada como Chevette para se distanciar de possíveis associações com o regime militar. O modelo, que já fazia sucesso na Europa, chegava ao Brasil com um motor 1.4 que entregava 68 cv de potência e 9,8 kgfm de torque, números impressionantes para a época. Sua aceleração de 0 a 100 km/h em 19,1 segundos e uma velocidade máxima de 140,2 km/h o colocavam como um dos principais concorrentes no mercado nacional, ao lado de modelos como o VW Brasília, Dodge 1800 e Ford Corcel.

A tração traseira do Chevette foi um dos fatores que contribuíram para seu sucesso, tornando-o uma opção popular entre aqueles que precisavam de um carro com bom desempenho em pisos irregulares ou nas clássicas manobras de rua. A robustez e o conforto eram visíveis no modelo, que, com o tempo, recebeu diversas reestilizações e novos motores, como o 1.6, que melhorava o desempenho do Chevette, permitindo que o modelo acelerasse de 0 a 100 km/h em 17,64 segundos e alcançasse 149,377 km/h.

A Introdução do Câmbio Automático

Créditos: Reprodução

Em 1985, o Chevette passou a contar com uma novidade que o colocaria à frente de muitos outros modelos da época: a transmissão automática de 3 marchas. Antes disso, essa tecnologia estava disponível apenas em carros de médio porte ou grandes, como o Ford Del Rey, VW Santana e o Opala, da própria Chevrolet. O Chevette foi o primeiro modelo compacto nacional a oferecer essa opção, o que representou uma grande inovação para o mercado brasileiro.

A transmissão automática era uma das grandes vantagens do Chevette em relação aos seus concorrentes, pois, ao contrário dos modelos manuais, que exigiam coordenação entre embreagem, freio e acelerador, o Chevette automático permitia ao motorista controlar apenas a aceleração com o pé direito. Essa inovação não só tornou a condução do veículo mais confortável e prática, como também lhe conferiu um toque de status, pois, na época, era considerado um grande avanço tecnológico.

O Chevette Automático na Prática

Créditos: Reprodução

A transmissão automática do Chevette era bastante simples e de fácil operação. A alavanca de câmbio tinha o mesmo formato das versões manuais, mas com algumas modificações para se adequar ao novo sistema. As posições da alavanca incluíam P (Park), R (Reverse), N (Neutral), D (Drive), 2 e 1 (que limitavam o carro à primeira ou segunda marcha). Embora tivesse apenas 3 marchas, a transmissão automática oferecia um desempenho considerável, com acelerações quase tão rápidas quanto as versões manuais.

Por exemplo, o Chevette automático conseguia acelerar de 0 a 100 km/h em 17,66 segundos, e alcançava uma velocidade máxima de 147,54 km/h, números bastante satisfatórios para um modelo compacto da época. Claro, o preço da comodidade era o consumo de combustível, que, com o etanol, ficava em 6,9 km/l na cidade e 10,66 km/l na estrada. Comparando com os modelos manuais, o Chevette automático tinha um desempenho levemente inferior em termos de economia de combustível, mas, em compensação, oferecia um nível de conforto que não era comum nos carros compactos da época.

Outro ponto positivo da transmissão automática era a suavidade nas trocas de marchas. Mesmo nas acelerações mais vigorosas, o Chevette automático não apresentava trancos ou desconforto para o motorista. A suavidade na mudança de marchas também ajudava na estabilidade e conforto ao dirigir, o que fez com que o Chevette automático fosse amplamente elogiado.

O Impacto do Chevette Automático no Mercado

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A introdução do Chevette com câmbio automático marcou a evolução do mercado de carros no Brasil, especialmente no que se refere à conforto e tecnologia. Com a crescente popularização de modelos com câmbio automático, o Chevette ajudou a consolidar a ideia de que a tecnologia automática não era uma exclusividade de carros grandes ou de luxo, mas poderia ser aplicada também em carros compactos.

Embora o preço do Chevette automático fosse consideravelmente mais alto do que as versões manuais (cerca de R$ 14.162,49, em valores atuais), a demanda por esse modelo foi forte, com muitos motoristas buscando o conforto adicional que a transmissão automática proporcionava, especialmente em um país com tantas subidas e engarrafamentos.

O Chevette automático continuou a ser vendido até o fim da produção do modelo, em 1993, e a Chevrolet manteve a opção de câmbio automático em outros modelos como o Kadett, Corsa Sedan e Monza. Esse legado de trazer o câmbio automático para os carros compactos nacionais foi um marco para a indústria automobilística brasileira.

A Evolução do Câmbio Automático no Brasil

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Após o lançamento do Chevette Automático, o câmbio automático começou a se popularizar em uma gama cada vez maior de veículos. O que era uma inovação exclusiva de carros de médio e grande porte, foi aos poucos incorporado aos modelos compactos e subcompactos. Hoje, é impensável imaginar um carro moderno sem pelo menos uma versão com câmbio automático ou CVT.

A Chevrolet foi pioneira em trazer essa tecnologia para o público brasileiro e, com o Chevette, ajudou a mudar os rumos da indústria automobilística no país. Nos dias de hoje, é possível encontrar carros compactos com transmissão automática em praticamente todas as montadoras, com um nível de sofisticação e conforto que, na década de 80, parecia impossível de ser alcançado.

O Legado do Chevette Automático

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O Chevette Automático pode até parecer um carro ultrapassado se o analisarmos à luz da tecnologia atual. Mas, se você considerar o contexto da época, perceberá que ele foi um marco de inovação, trazendo para os brasileiros uma transmissão automática acessível em um carro compacto. Mais do que um simples modelo da Chevrolet, o Chevette Automático representou a modernização e a evolução da indústria automobilística nacional, mostrando que o Brasil já estava pronto para abraçar as novas tecnologias que chegavam ao mercado.

Nos dias de hoje, é difícil encontrar um Chevette automático ainda circulando nas ruas brasileiras, mas o legado do modelo permanece vivo. O carro se tornou um símbolo de conforto e inovação dos anos 80 e, com certeza, ficará marcado na história como o primeiro compacto nacional a romper as barreiras da embreagem e trazer a transmissão automática para o cotidiano dos brasileiros.

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O Chevette Automático fez história e, com isso, abriu caminho para o que viria depois, contribuindo para a popularização dos carros automáticos em uma época em que o mercado automobilístico brasileiro ainda estava engatinhando em termos de tecnologia e sofisticação. Com toda a certeza, ele merece ser lembrado como um ícone da evolução dos automóveis no Brasil.

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