A Picape Dodge D-100 e Sua História

0
258

Se você gosta de veículos clássicos, provavelmente já ouviu falar da Dodge D-100, uma das picapes mais emblemáticas e raras da história automotiva brasileira. Lançada em 1969, a D-100 foi o primeiro modelo da Chrysler a ser produzido no Brasil, junto com os caminhões Dodge. Apesar de seu design robusto e desempenho notável, a picape teve uma produção curta, saindo de linha em 1975. Hoje, ela é uma verdadeira relíquia, com poucas unidades ainda em circulação.

Neste artigo, vamos explorar a história, as especificações técnicas e os motivos que levaram a Dodge D-100 a ser um ícone esquecido por muitos, mas adorado pelos entusiastas.


Os Primeiros Passos da Dodge no Brasil

Créditos: Reprodução

A chegada da Chrysler ao Brasil marcou um momento importante na história da indústria automotiva nacional. A montadora assumiu a antiga fábrica da International Harvester, localizada em Santo André (SP), que contava com 109.000 m² de terreno e 30.000 m² de área construída. Posteriormente, a produção foi transferida para São Bernardo do Campo.

A apresentação oficial da família Dodge ocorreu no VI Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro de 1968. Na ocasião, três modelos foram introduzidos: o D700, com capacidade para transportar até 7,9 toneladas, o D400, que carregava até 4,5 toneladas, e a D-100, uma picape leve com capacidade para 700 quilos, que se destacava por levar mais peso do que suas principais concorrentes.


Motor e Desempenho da D-100

Créditos: Reprodução

Um dos maiores atrativos da Dodge D-100 era o seu motor V8 a 90°, com 318 polegadas cúbicas (5.212 cm³). Fabricado em ferro fundido e arrefecido a água, o motor tinha uma taxa de compressão de 7,5:1 e era equipado com um carburador de corpo duplo da marca DFV. Ele entregava impressionantes 198 cavalos a 4.400 rpm e um torque máximo de 41,4 kgfm a 2.400 rpm, características que garantiam arrancadas vigorosas e um desempenho acima da média.

A transmissão era uma caixa manual de três marchas, com alavanca posicionada na coluna de direção, algo comum na época. A picape acelerava de 0 a 100 km/h em 16 segundos e atingia uma velocidade máxima de 150 km/h.

Entretanto, o consumo de combustível era alto, especialmente para os padrões brasileiros. A D-100 fazia apenas 4,5 km/l na cidade e 7,5 km/l na estrada, com um tanque de 68 litros. Esse consumo elevado foi um dos motivos que dificultaram sua popularidade durante a crise do petróleo de 1973.


Conforto e Design

Créditos: Reprodução

Com um design simples e robusto, a Dodge D-100 exalava modernidade para sua época. Sua carroceria era apoiada em um chassi extremamente resistente, e a cabine oferecia espaço para até três pessoas na versão padrão. Já na versão de cabine dupla, lançada em 1971, o conforto era ampliado para seis ocupantes, sendo a única concorrente direta da Chevrolet C-10 cabine dupla.

A picape tinha 4,90 metros de comprimento, 2,01 metros de largura, 1,75 metros de altura e um entre-eixos de 2,90 metros, além de uma excelente área envidraçada que proporcionava ótima visibilidade.

Créditos: Reprodução

A suspensão era robusta, com um sistema de eixo rígido “Cushion Beam” na dianteira, que utilizava feixes de molas longitudinais e amortecedores telescópicos. Na traseira, a configuração também incluía feixes de molas e amortecedores telescópicos.

A D-100 era oferecida em duas versões principais: a básica e a luxo. A versão de luxo contava com mais detalhes cromados e um acabamento mais refinado, enquanto a básica era mais funcional, com menos elementos visuais.


Os Pontos Fortes e Fracos

Créditos: Reprodução

Apesar de seu motor potente e design atrativo, a Dodge D-100 tinha algumas desvantagens que prejudicaram sua aceitação no mercado. Entre os pontos positivos, podemos destacar:

  • Desempenho superior: O motor V8 garantia aceleração e velocidade acima da média.
  • Capacidade de carga: Suportava mais peso do que suas principais concorrentes.
  • Robustez: A carroceria e o chassi eram extremamente resistentes.

No entanto, os pontos negativos pesavam para o consumidor da época:

  • Consumo elevado: O motor V8, apesar de potente, era extremamente beberrão, um problema agravado pela crise do petróleo.
  • Freios ineficientes: Os freios a tambor não eram suficientes para lidar com o peso total da picape, comprometendo a segurança.
  • Manutenção cara: As peças importadas e a baixa disponibilidade de componentes tornavam a manutenção um desafio.

Produção e Declínio

Créditos: Reprodução

Entre 1969 e 1975, foram produzidas apenas 2.167 unidades da Dodge D-100 no Brasil. Segundo historiadores, apenas 100 unidades ainda estão em circulação, sendo que a maioria delas foi utilizada em frotas públicas e acabou sucateada.

A crise do petróleo, que começou em outubro de 1973, teve um impacto devastador no mercado de veículos grandes e de alto consumo, como a D-100. Além disso, a concorrência com modelos como a Ford F-100, a Chevrolet C-10 e até mesmo o Toyota Bandeirante tornou difícil para a Chrysler manter a produção em números competitivos.

Em 1975, a produção foi encerrada, tornando a Dodge D-100 uma das picapes mais raras e desejadas por colecionadores nos dias de hoje.


O Valor da Dodge D-100 em 2025

Créditos: Reprodução

No mercado de colecionadores, a Dodge D-100 é uma verdadeira joia. Um exemplar restaurado pode custar entre R$ 150 mil e R$ 300 mil, dependendo do estado de conservação e da originalidade das peças. Já modelos em estado de sucata, que requerem restauração completa, podem ser encontrados por cerca de R$ 50 mil.

Se você está pensando em adquirir uma D-100, é importante levar em conta os custos de manutenção e a dificuldade de encontrar peças originais, que muitas vezes precisam ser importadas. Apesar disso, o investimento pode valer a pena, tanto pelo valor histórico quanto pela exclusividade do modelo.


Conclusão: Um Ícone que Merece Reconhecimento

Créditos: Reprodução

A Dodge D-100 é mais do que uma picape; é um pedaço da história automotiva brasileira. Apesar de ter sido a “última a chegar” no segmento de picapes e a “primeira a sair de linha”, seu legado permanece vivo entre os apaixonados por carros clássicos.

Se você é fã de veículos antigos e busca um modelo raro para sua coleção, a Dodge D-100 é uma escolha que combina potência, design icônico e uma história rica. Adquirir uma dessas máquinas é como trazer para casa um pedaço do passado, que continuará a impressionar gerações futuras.

Créditos: Reprodução

Então, que tal dar uma chance a esse clássico e mantê-lo vivo nas estradas brasileiras? Afinal, o passado nunca sai de moda, especialmente quando se trata de uma lenda como a Dodge D-100.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui