A bicicleta elétrica mais estranha que você já viu

Se você acha que já viu de tudo no mundo das bicicletas elétricas, prepare-se para reavaliar seus conceitos. Hoje, vou te apresentar uma engenhoca que mais parece saída de um universo alternativo, onde a física se curva à vontade dos inventores. Estamos falando da bicicleta elétrica omnidirecional criada pelo excêntrico e brilhante James Bruton, um nome que, se ainda não está no seu radar, com certeza vai entrar depois que você entender do que essa máquina é capaz.

Neste artigo, vamos mergulhar profundamente nessa criação insana — desde a inspiração, passando pelas tecnologias utilizadas, até os desafios reais de pilotar uma bicicleta que simplesmente não respeita as leis convencionais de direção. E o melhor: você vai descobrir que, se tiver coragem (e um bom impressor 3D), também pode construir a sua.

Quem é James Bruton e por que você deveria se importar com suas invenções

Antes de entender essa bicicleta maluca, é importante que você conheça o gênio por trás da ideia. James Bruton é um inventor britânico conhecido por criar máquinas completamente fora do comum. Ele já foi designer de brinquedos, mas hoje se dedica a explorar os limites da engenharia criativa e da robótica alternativa.

No seu canal do YouTube, Bruton compartilha passo a passo todos os projetos, desde réplicas funcionais de robôs da Marvel e Star Wars, até veículos autoequilibrados e, claro, bicicletas que desafiam a lógica tradicional. A comunidade maker, os apaixonados por robótica e até engenheiros profissionais acompanham suas criações com entusiasmo.

Você está prestes a conhecer uma de suas invenções mais ousadas até hoje.

Uma bicicleta ou um experimento de outro planeta?

Imagine uma bicicleta elétrica com estilo chopper, mas que não tem as rodas alinhadas da maneira que você está acostumado. Agora, imagine que a roda traseira está montada lateralmente, ou seja, girada 90 graus, permitindo que o veículo se mova não só para frente, mas também para os lados e para trás. Isso mesmo: movimento omnidirecional completo.

Se isso soa absurdo, é porque realmente é. Mas funciona e é aí que a mágica acontece.

Essa bicicleta é fruto da fusão de dois projetos anteriores de Bruton. Ele pegou o garfo e a roda dianteira de um robô de balanceamento de uma roda, criado em abril de 2025, e uniu à roda traseira da sua experimental Speeder-Bike, de 2023. O resultado é um Frankenstein tecnológico que não se parece com nada que você já tenha visto.

Entendendo as rodas: onde a engenharia vira arte

Você pode até pensar que uma bicicleta com rodas laterais deve ser desajeitada, mas quando falamos de rodas omnidirecionais, estamos lidando com engenharia de altíssimo nível.

Roda dianteira com roletes

A roda da frente tem um sistema curioso: ao redor da roda principal, existem pequenos roletes que permitem que ela deslize não só para frente e para trás, mas também lateralmente. Isso ajuda no equilíbrio e na estabilidade, algo essencial em um veículo que não segue padrões convencionais.

Roda traseira lateral

A estrela do projeto, sem dúvidas, é a roda traseira. Ela é composta por dois discos, cada um com seis mini rodas, movidas por um sistema de cubo e correia personalizado. Essa montagem lateral confere à bicicleta a habilidade de literalmente “andar de lado”, algo que parece impossível até que você vê funcionando.

Design: uma chopper do futuro

O quadro da bicicleta lembra mais uma mini chopper futurista do que uma típica e-bike urbana. Tudo foi construído com extrusões de alumínio com ranhuras em T, placas de alumínio usinadas sob medida e componentes impressos em 3D. Esse casamento entre o físico e o digital é típico de projetos DIY modernos.

Você vai notar que, diferente de suas invenções anteriores, controladas por manoplas giratórias, essa bicicleta usa dois joysticks no guidão. Um joystick comanda os movimentos para frente e para trás, enquanto o outro é responsável pelos movimentos laterais. Parece controle de videogame? É mais ou menos por aí. Só que muito mais difícil.

Pedais? Sim. Mas prepare-se para um desafio

Apesar de ser elétrica, a bicicleta tem pedais funcionais, além de um assento acolchoado e uma caixa de controle personalizada. Isso permite que você acione cada roda de forma independente, como se estivesse pilotando um drone terrestre.

Mas aqui vai um alerta: não é fácil pilotar essa máquina.

Tecnologia embarcada: potência e precisão

Você vai se surpreender com a sofisticação eletrônica do projeto. A bicicleta é alimentada por motores ODrive M8325s de alto desempenho, controlados por controladores ODrive S1. Esses componentes contam com encoders integrados, responsáveis por medir com precisão a posição, velocidade e direção de rotação das rodas.

E mais: uma placa Teensy 4.0, que é uma espécie de “cérebro” do sistema, monitora todos os movimentos. Para garantir equilíbrio e segurança, há uma unidade de medição inercial que trabalha em conjunto com um controlador PID (Proporcional-Integral-Derivativo), um algoritmo usado para estabilizar movimentos dinâmicos em tempo real.

Isso transforma a bicicleta numa espécie de robô móvel disfarçado de veículo recreativo.

Pilotar: uma experiência tão desconfortável quanto fascinante

É agora que você entende por que essa bicicleta é mais arte do que transporte. No vídeo que Bruton postou em seu canal, fica claro que pilotar essa máquina exige uma curva de aprendizado elevada. Para virar, você precisa se inclinar para o lado oposto ao que deseja ir, o que vai contra todo o instinto que você desenvolveu ao pedalar desde criança.

Resultado? Bruton teve que pedalar de ré para conseguir virar corretamente. Sim, você leu certo: pedalar de costas. Embora tenha conseguido se adaptar, ele mesmo admite que a experiência é, no mínimo, estranha e desconfortável.

Mas veja por outro lado: você provavelmente nunca terá uma conversa tão interessante quanto quando contar que pilotou uma bicicleta que anda de lado.

Faça você mesmo: um projeto aberto ao público

Se depois de tudo isso você está se perguntando: “Será que eu consigo montar uma dessas?”, a resposta é: sim, se você tiver coragem, paciência e equipamentos certos.

James Bruton é conhecido por seu compromisso com o movimento open source. Todos os esquemas eletrônicos, modelos CAD, diagramas e orientações estão disponíveis para download. Ou seja, com uma impressora 3D, alguma experiência com Arduino, motores brushless e soldagem, você pode tentar replicar esse projeto aí mesmo na sua garagem.

Claro, não é algo para iniciantes. Mas para quem gosta de desafios técnicos, pode ser o projeto perfeito.

O que essa bicicleta representa no mundo da engenharia

Muito mais do que um simples experimento, essa bicicleta representa algo maior: a liberdade de criar sem limites. Ela questiona o que é “normal” em termos de design automotivo e mostra que a inovação acontece quando você ousa experimentar.

Ao mesmo tempo, é um lembrete de que a tecnologia é uma ferramenta para expressão pessoal. Ao construir algo tão excêntrico e funcional ao mesmo tempo, Bruton nos mostra que a engenharia pode ser divertida, artística e até poética.

Você deveria tentar construir uma também?

Depende do que você está buscando. Se o objetivo é apenas transporte prático, talvez essa bicicleta não seja a melhor escolha. Mas se você é do tipo que gosta de desafios, de aprender fazendo, de explorar limites e se divertir no processo, então sim — vale a pena entrar nesse mundo de invenções excêntricas.

Além disso, ao estudar e replicar projetos como esse, você mergulha de cabeça em áreas como:

• Eletrônica embarcada

• Design CAD

• Impressão 3D

• Programação embarcada

• Mecânica aplicada

• Controle PID

Tudo isso em um projeto só. É ou não é a escola perfeita para qualquer amante da engenharia?

Conclusão: uma bicicleta, infinitas possibilidades

No fim das contas, essa bicicleta elétrica omnidirecional com a roda traseira montada lateralmente é muito mais do que uma máquina maluca. Ela é um convite para você pensar diferente, experimentar mais e não se contentar com o comum.

James Bruton pode parecer só mais um inventor excêntrico do YouTube, mas o que ele constrói serve como inspiração para engenheiros, designers, artistas e curiosos. Seu trabalho nos mostra que, com dedicação, criatividade e um pouco de loucura, você pode transformar ideias absurdas em realidade funcional.

Então, se você quer ver engenharia em sua forma mais pura — ousada, livre e sem medo do fracasso —, essa bicicleta é o projeto que você precisa conhecer. E quem sabe, até construir a sua versão.