Quando você pensa em carros esportivos dos anos 1990, provavelmente nomes como Volkswagen Gol GTi, Chevrolet Kadett GSi ou até o lendário Tempra Turbo vêm à sua mente. Mas, se você olhar com mais atenção para a história da Fiat no Brasil, vai perceber que a marca italiana também teve o seu representante de peso nessa briga: o Fiat Tipo 2.0 16V Sedicivalvole.
Hoje, esse hatch médio é uma raridade no mercado de colecionadores, e quando aparece, chama atenção não apenas pelo estilo e desempenho, mas também pelo preço. Recentemente, um exemplar 1994/1995, pintado no tradicional vermelho Rosso Racing, foi anunciado por R$ 80 mil – praticamente o valor de um Fiat Argo 0 km.
Agora, imagine você ter a chance de comprar um carro que foi ícone esportivo, que bateu de frente com o Volkswagen Golf GTI em pleno auge dos anos 90, e ainda por cima contar com uma originalidade de 96%, placa preta de colecionador e até o charme de um teto-solar elétrico. É justamente isso que o Sedicivalvole entrega.
Neste artigo, você vai conhecer em detalhes a história, o design, o desempenho e a exclusividade do Fiat Tipo Sedicivalvole. Prepare-se para uma viagem nostálgica por uma época em que os hot hatches eram pura emoção e símbolo de status.
Um Fiat capaz de desafiar o Golf GTI

Se hoje a Fiat está fora do segmento de carros médios no Brasil, nos anos 1990 a história era bem diferente. Lançado por aqui em 1993, o Fiat Tipo logo se destacou por seu design moderno e pela boa lista de equipamentos.
Em 1995, ele chegou a quebrar a hegemonia do Volkswagen Gol, tornando-se por um breve período o carro mais vendido do Brasil. Isso mostra o impacto que o modelo teve no mercado nacional.
Mas a versão mais especial da linha foi a Sedicivalvole, que significa “dezesseis válvulas” em italiano. Essa denominação fazia referência ao seu motor 2.0 16V, que entregava 137 cv de potência no Brasil (e 147 cv na Europa). Era a resposta direta da Fiat ao Volkswagen Golf GTI 2.0, que entregava apenas 114 cv.
Enquanto o Golf acelerava de 0 a 100 km/h em 11 segundos, o Tipo Sedicivalvole cumpria a mesma tarefa em 9,8 segundos, atingindo mais de 200 km/h de velocidade máxima. Ou seja, na disputa direta, o italiano levava vantagem.
Estilo esportivo que ainda impressiona

Mesmo sendo baseado no projeto de 1988, o Fiat Tipo tinha um design assinado pelo Instituto I.D.E.A, de Turim, que até hoje chama a atenção. Na versão Sedicivalvole, a esportividade era reforçada por uma série de detalhes exclusivos.
Você teria à disposição:
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Carroceria de duas portas, mais esportiva que a das versões convencionais;
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Faróis de neblina integrados;
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Filetes vermelhos nos para-choques;
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Spoilers laterais;
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Rodas de liga leve aro 14 exclusivas;
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E, claro, a tradicional pintura Rosso Racing, que combinava perfeitamente com a proposta esportiva.
Por dentro, o destaque ficava para os bancos com faixas verdes, vermelhas e azuis, que contrastavam com o tecido cinza. Para quem buscava ainda mais exclusividade, era possível encomendar bancos Recaro.
E não podemos esquecer do teto-solar elétrico, item de luxo e esportividade na época.
Conforto e tecnologia de ponta para os anos 90

Se você tivesse comprado um Tipo Sedicivalvole zero-quilômetro em 1994 ou 1995, teria levado para a garagem um carro recheado de equipamentos que muitos rivais da época nem sonhavam em oferecer.
Na lista estavam:
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Ar-condicionado;
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Direção hidráulica;
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Vidros, travas e retrovisores elétricos;
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Teto-solar elétrico;
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Desembaçador dos espelhos retrovisores;
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E até airbag para o motorista como opcional.
Aliás, vale lembrar que o Fiat Tipo nacional, a partir de 1996, foi o primeiro carro fabricado no Brasil a oferecer airbag como opcional. Ou seja, estamos falando de um modelo que ajudou a abrir caminho para a segurança automotiva no país.
Espaço e versatilidade superiores ao rival alemão

Outro ponto que você iria perceber ao dirigir um Tipo Sedicivalvole era o espaço interno. Apesar de ser um carro de duas portas, ele oferecia mais conforto para os passageiros traseiros do que o Golf GTI.
Isso acontecia porque sua coluna C era mais fina, criando um ambiente menos claustrofóbico. Além disso, o porta-malas de 350 litros era maior que o do rival alemão, garantindo mais praticidade no dia a dia.
Desempenho com sangue italiano

O grande destaque do Fiat Tipo Sedicivalvole, claro, era o seu motor 2.0 16V aspirado, que entregava um desempenho empolgante para a época.
Com 137 cv e 18,4 kgfm de torque, ele podia parecer “lento” em baixas rotações, já que o torque só aparecia a partir dos 4.500 giros. Mas quando o motor “enchia”, o carro mostrava toda a sua força.
Combinado ao câmbio manual de cinco marchas, de engates curtos e precisos, o Sedicivalvole era capaz de entregar uma experiência de condução muito prazerosa.
A suspensão independente nas quatro rodas, com McPherson na dianteira e braços oscilantes na traseira, garantia excelente comportamento em curvas. E os pneus mais largos, 195/60 R14, completavam a receita esportiva.
Um colecionável com pedigree

Hoje, encontrar um Fiat Tipo Sedicivalvole em bom estado é uma tarefa difícil. A maioria dos exemplares sofreu com o tempo, a falta de manutenção ou a dificuldade em encontrar peças.
Por isso, quando aparece um carro como o de Maicon Willian Pinto, empresário de Curitiba, é motivo de celebração entre os entusiastas. Seu carro tem 96% de originalidade, incluindo detalhes como:
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Vidros e rodas originais de fábrica;
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Para-choques de época;
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Forrações de portas, bancos e painel preservados;
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Todos os manuais e chave reserva originais;
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E a famosa placa preta de colecionador.
Segundo o proprietário, o carro é relativamente fácil de manter, desde que você tenha dedicação e paciência. Algumas peças de acabamento, como os spoilers laterais, precisaram ser reproduzidas, mas o resultado final manteve a originalidade.
Sedicivalvole x Gol GTi: a rivalidade esquecida
Quando se fala em esportivos nacionais dos anos 90, você ouve muito sobre o Gol GTi. Mas, na prática, o Fiat Tipo Sedicivalvole era um carro mais avançado, com melhor acabamento e desempenho superior.
Enquanto o Gol GTi se tornou um mito no imaginário popular, o Sedicivalvole acabou sendo esquecido por ter sido importado em poucas unidades. Mas quem conhece a fundo a história sabe que o italiano era, de fato, um rival de peso.
Valor de mercado: o preço de um Argo 0 km

E aqui está o ponto mais curioso: hoje você pode comprar um Fiat Tipo Sedicivalvole em bom estado por cerca de R$ 80 mil.
Esse é praticamente o valor de entrada de um Fiat Argo 0 km, que oferece motor 1.0 de 75 cv, muito menos potente e sem a esportividade que marcou época.
Ou seja, por um preço similar, você tem duas escolhas:
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Um carro moderno, mas comum e sem história;
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Ou um esportivo colecionável, com placa preta, desempenho emocionante e status de raridade.
Um legado de respeito
O Fiat Tipo Sedicivalvole teve vida curta no Brasil, já que deixou de ser importado em 1995. Mas, mesmo assim, deixou um legado marcante.
Ele mostrou que a Fiat era capaz de produzir um esportivo de verdade, que não apenas acompanhava, mas também superava rivais consagrados.
Hoje, quando você vê um desses rodando, não há como não virar o pescoço. Ele ainda tem presença, charme e desempenho para encantar qualquer apaixonado por carros.
Conclusão: por que você deveria considerar um Tipo Sedicivalvole?

Se você é apaixonado por carros esportivos, o Fiat Tipo Sedicivalvole é um prato cheio. Ele combina:
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História: foi o esportivo que enfrentou o Golf GTI nos anos 90;
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Exclusividade: importado em poucas unidades, hoje é raridade;
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Desempenho: motor 2.0 16V com mais de 200 km/h de máxima;
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Estilo: carroceria de duas portas, visual agressivo e teto-solar;
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Conforto: cheio de equipamentos que eram luxo na época;
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Investimento: seu valor tende a se manter ou até subir, dada a raridade.
Por cerca de R$ 80 mil, você pode escolher entre um carro moderno, mas comum, ou um ícone esportivo italiano que marcou a história automotiva do Brasil. Se a sua escolha for pelo coração, não há dúvidas: o Fiat Tipo Sedicivalvole é o caminho certo.