Você provavelmente já ouviu alguém falar com saudade do Fiat Uno Mille. Talvez tenha sido um parente, um amigo, ou até você mesmo que teve um e guarda boas memórias. Afinal, o Mille não foi apenas um carro: ele foi uma revolução no conceito de carro popular no Brasil. E, acredite, quase 30 anos depois, ainda é possível encontrar exemplares impecáveis, como o Fiat Uno Mille EP 1996 na cor verde Itajaí que vamos explorar aqui.
Prepare-se para embarcar em uma viagem no tempo, conhecer a história desse compacto lendário, entender o porquê de ele ser tão querido e, claro, descobrir todos os detalhes desse exemplar que está à venda com apenas 14 mil km rodados.
O Fiat Uno Mille e a revolução do carro popular

Quando você pensa em carro popular, qual é o primeiro que vem à sua mente? Se for o Uno Mille, você está certo em colocar esse hatch no topo da lista. Lançado no final de 1990, o Mille foi a resposta da Fiat para a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 40% para 20% para veículos com motores de 800 a 1.000 cm³.
A Fiat não perdeu tempo. Com a habilidade típica de quem entende o mercado, ela adaptou o projeto do Uno, carro que já fazia sucesso na época, e criou uma versão mais enxuta e acessível. O resultado? Um carro com o motor Fiasa 1.0, simples, econômico e robusto, pronto para atender ao sonho do brasileiro médio de ter um carro zero km na garagem.
Desempenho modesto, mas suficiente

Para se enquadrar na faixa do imposto reduzido, a Fiat reduziu a cilindrada do motor Fiasa de 1.048,8 cm³ para 994,4 cm³. Isso fez a potência cair de 55 cv para 48,5 cv. Pode parecer pouco hoje, mas na época, era o suficiente para um carro leve e com foco na economia.
E economia era o sobrenome do Mille. Você lembra do consumo? Era comum ouvir histórias de proprietários fazendo mais de 15 km/l com gasolina, mesmo sem os avanços tecnológicos atuais como injeção eletrônica ou start-stop.
Corte de custos para manter o preço acessível

Para chegar ao preço competitivo, a Fiat precisou fazer cortes estratégicos. O Mille não tinha retrovisor do lado direito, os bancos eram simples e sem encostos de cabeça, e o painel de instrumentos era básico. Mas isso não importava para o consumidor da época. O que valia era o sonho do primeiro carro zero se tornar realidade.
O sucesso estrondoso e as versões especiais

O sucesso do Mille foi tão grande que, nos anos seguintes, a Fiat lançou diversas versões e séries especiais para atender diferentes públicos:
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Mille Brio (1991): trouxe um carburador de corpo duplo, aumentando a potência para 54 cv.
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Mille Electronic (1992): com ignição eletrônica, aposentando o sistema de platinado.
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Mille ELX (1994): considerado luxuoso para a época, oferecia ar-condicionado, vidros e travas elétricas, e até opção de quatro portas.
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Mille EP (1996): a versão “Extra Power” com 58 cv, que fez dele o 1.0 mais potente do mercado brasileiro.
Essas evoluções fizeram o Mille se manter competitivo mesmo com o surgimento de novos concorrentes.
O exemplar que desafia o tempo: Fiat Uno Mille EP 1996 verde Itajaí

Agora, imagine você encontrar um Fiat Uno Mille EP 1996 com apenas 14 mil km rodados. Parece impossível, mas é exatamente isso que está à venda na Lar’t, uma empresa especializada em carros clássicos nacionais e importados.
O carro está impecável. A pintura na cor verde Itajaí chama atenção por ser uma das mais queridas da época. As calotas originais estão sem sequer um arranhão. Os para-choques pretos sem pintura ainda mantêm o fosco natural, algo raro de ver hoje, já que a maioria foi repintada ou perdeu a textura original com o tempo.
Por R$ 55 mil, você leva para casa não apenas um carro, mas um verdadeiro pedaço da história automotiva brasileira.
Equipamentos que eram luxo em 1996

Este Mille EP mostra como a evolução tecnológica foi rápida. Naquela época, ter vidros elétricos, ar-quente, limpador e desembaçador traseiro, além de um relógio digital, era praticamente um luxo em um carro popular.
Hoje esses itens podem parecer banais, mas lembre-se: em 1996, a maioria dos carros populares era “pelada”, sem quase nenhum conforto.
O legado do Fiat Uno Mille
Você não pode falar de carros populares no Brasil sem mencionar o Mille. Ao longo de mais de duas décadas, ele democratizou o acesso ao carro próprio e ajudou milhões de brasileiros a realizarem o sonho do primeiro carro zero.
A produção terminou em 2013, com a série especial de despedida Grazie Mille. Apenas 2.000 unidades foram feitas, todas numeradas e com detalhes exclusivos para celebrar o fim de uma era.
O Mille Fire e as últimas evoluções
Mesmo após o lançamento do Palio, o Mille continuou como o modelo de entrada da Fiat. Com o tempo, ganhou o motor Fire 1.0 com injeção multiponto e potência de 55 cv, e depois a tecnologia flex (65 cv com gasolina e 66 cv com etanol).
Em 2008, a versão Fire Economy trouxe melhorias no consumo, com destaque para o econômetro no painel e pneus de baixa resistência à rolagem. O resultado? Um carro que fazia até 14,6 km/l na estrada com gasolina, um número excelente até para padrões atuais.
Por que o Mille ainda conquista corações?
Mesmo quase 30 anos depois, o Mille continua sendo querido por colecionadores, entusiastas e até por quem procura um carro simples e robusto para o dia a dia.
Entre os motivos, você pode listar:
✅ Simplicidade mecânica: fácil de consertar, com peças baratas e disponíveis.
✅ Design atemporal: obra de Giorgetto Giugiaro, que até hoje é reconhecido como um dos grandes mestres do design automotivo.
✅ Robustez: aguenta o uso severo e as condições ruins de muitas ruas brasileiras.
✅ Economia: tanto no consumo quanto na manutenção.
Vale a pena pagar R$ 55 mil por um Mille?
Essa é uma pergunta que só você pode responder. Se for pensando apenas como meio de transporte, talvez existam opções mais modernas pelo mesmo valor. Mas se o objetivo é ter uma relíquia sobre rodas, um carro que representa um ícone da indústria automotiva nacional, então o preço pode ser mais que justo.
Esse Mille EP 1996 é um exemplar raro, com baixa quilometragem e em estado de conservação impecável. Para quem entende de clássicos, é uma oportunidade difícil de se repetir.
Conclusão: um clássico acessível e cheio de histórias

Você percebeu como o Fiat Uno Mille vai além de ser apenas um carro? Ele é memória, história e cultura. Esse EP 1996 verde Itajaí, à venda hoje, é a prova viva de que alguns automóveis conseguem atravessar o tempo sem perder o brilho.
Se você cresceu nos anos 90, com certeza lembra de ver vários Mille pelas ruas, seja na garagem da família, seja como táxi, carro de autoescola ou companheiro de viagens em família. Agora, a chance de reviver essa época está na sua frente.